Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 37-41)
Naquele tempo, enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.
No Evangelho de hoje, Jesus entra na casa de um fariseu que o convidou para jantar e vai à mesa sem lavar as mãos, desrespeitando um ritual previsto na Lei do Antigo Testamento. No entanto, Ele faz isso de propósito a fim de desmascarar a hipocrisia dos fariseus.
Nesse contexto, o que é a hipocrisia? Conforme a etimologia grega “hypocrites”, o hipócrita é alguém que interpreta uma personagem, usando uma máscara. No caso em que questão, refere-se à máscara que utilizamos quando, ao invés de termos uma religião que nos leva a amar a Deus de todo o coração, cultivamos uma religião meramente de práticas exteriores, porque na realidade não queremos agradar ao Senhor, mas tão somente às pessoas que nos vêem, assim como num teatro.
Jesus, vendo que existia esta tendência de nós prestarmos a Deus um culto somente com os lábios e não com o coração, quis nos libertar disso, e a forma que Ele encontrou de ser caridoso, amoroso e misericordioso para com aquele fariseu que o recebeu em sua casa foi desmascarando-o.
Sim, o desmascaramento é humilhante, mas foi necessário para o fariseu perceber que ele precisava se converter interiormente. Por isso, Jesus colocou o “dedo na ferida”, mostrando que, embora estivesse preocupado com uma religião de ritos, o fariseu não estava preocupado em amar o próximo, lei que já estava no Antigo Testamento desde o início: amar a Deus sobre todas as coisas (cf. Dt 6, 5) e o próximo como a ti mesmo (cf. Lv 19,18).
Certamente, esta é uma grande necessidade em nossa vida espiritual: começar uma vida de oração íntima com Deus, para que, cada vez mais, o nosso amor por Ele se concretize no amor ao próximo. Eis a essência da Terceira Morada, que nos convida a realizarmos obras de misericórdia espirituais e corporais, que purificam o nosso coração e fazem com que tenhamos um coração que ama a Deus verdadeiramente e controla as paixões desenfreadas.
Caso queiramos saber se, no dia a dia, estamos praticando essas obras, perguntemos a nós mesmos: “Está doendo?”. Pois um sacrifício que não custa não é obra de misericórdia, e consequentemente não muda o nosso coração. Portanto, precisamos entrar em um processo de páscoa, passagem, morte e ressurreição, para que morra o homem velho e nasça o homem novo; morra a personagem para nascer a pessoa verdadeira.




























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