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O “preço” da misericórdia de Deus

Misericórdia e pecado são ideias correlativas: se nos desfazemos de uma, jogamos fora também a outra. E se os cristãos da nossa época se gabam de ter superado a essa “velharia” chamada pecado, como esperam encontrar misericórdia e compaixão junto de Deus?

Texto do episódio
317

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 
(Lc 6, 36-38)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

No Evangelho de hoje, Jesus nos pede: “Sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso”. 

Essa realidade da misericórdia está muito presente nos quatro Evangelhos; mas, no Evangelho de São Lucas, ela adquire uma coloração um pouco diferente, pois é o único Evangelho que nos traz aquela cena em que Cristo, no momento em que estava sendo pregado na Cruz, “orava” por seus algozes, repetindo: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem”. 

A partir do momento em que aquelas dores, em que os nossos pecados e as nossas ofensas iam atingindo Jesus, Ele ia rezando e pedindo perdão por nós, porque pedia em nosso lugar, mas também rogava perdão para nós. Diante dessa cena, podemos compreender o que é a misericórdia divina. 

Estamos em um mundo onde as pessoas dificilmente entendem o conceito de misericórdia, porque já não têm o conceito de pecado. Se nós não percebemos que o pecado é uma grave ofensa a Deus, como aquela dor lancinante que Jesus sentiu na Cruz, nós não entendemos o que custou a misericórdia que Ele teve de nós, não entendemos o que custou ao Coração de Deus ser misericordioso.

Alguns podem dizer que o mundo que nós vivemos hoje é muito mais tolerante do que era no passado. Sim, tolerante, pois a palavra tolerância quer dizer exatamente que não precisa de misericórdia, porque não teve ofensa. O mundo tornou-se uma “casa de tolerância”, onde se vive como se os pecados já não fossem mais pecados, como se não houvesse mais ofensa e, portanto, não existisse, também, mais perdão e misericórdia. 

Ora, ser cristão e viver bem este tempo da Quaresma significa que nós devemos compreender profundamente como o nosso pecado ofende a Deus e cria uma tremenda desordem em nossa alma. Por isso, diante dos nossos olhos, deve sempre estar o Crucificado, sofrendo com aquele ato tremendo em que o martelo do algoz inflige em Nosso Senhor as suas chagas gloriosas, por cujo sangue nós fomos salvos e redimidos. 

Quando dizemos: “Jesus, dentro de Vossas chagas, escondei-nos”, precisamos recordar que essas chagas foram criadas por nosso pecado. Mas, mesmo assim, são nelas que nos escondemos porque ali encontramos a misericórdia divina; e, se nos colocarmos como necessitados dessa misericórdia, poderemos ser, também nós, misericordiosos para com os outros, assim como o Pai Celeste foi, é e sempre será misericordioso para conosco.

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