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Texto do episódio
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Nossa época é marcada, entre outros erros, pelo indiferentismo em matéria religiosa. Deixando de lado o indiferentismo absoluto, que considera a religião inútil e desnecessária, uma das tentações mais comuns entre os que ainda preservam algum senso de “transcendência” é o indiferentismo relativo, ideia segundo a qual o importante é “crer” em alguma coisa, independentemente do que seja.

Para quem pensa assim, é necessário prestar culto a alguma “divindade”, “força”, “energia” etc. — o que quer que se entenda por isso… —, tendo todos a liberdade de escolher a religião que preferirem, em função de diferentes circunstâncias (como tempo e lugar) e fatores (como idade, cultura, gosto pessoal ou estético etc.).

Essa forma de relativismo coincide, ao menos em parte, com o moderno dogma da tolerância religiosa, para o qual todas as religiões, por mais opostas que sejam entre si, são igualmente boas e, portanto, caminhos igualmente válidos de santificação e salvação. Embora não se identifique com o tolerantismo civil ou político, que nada mais é do que a permissão legal a que os homens professem tanto a verdade como o erro em religião, tende não obstante a justificá-la e foi historicamente a via pela qual se chegou a ele.

Não há dúvida, porém, de que a doutrina do indiferentismo é insustentável, não só porque é falsa em si mesma, mas porque é uma blasfêmia contra Deus e uma perniciosa injúria aos homens:

1) É falsa, por supor que o homem tem “direito” a determinar a religião (isto é, suas relações e deveres para com Deus) do modo que bem entender. Isso seria absurdo. Com efeito, nenhum homem tem tal direito por si nem por concessão divina: não o tem por si, já que compete unicamente a Deus determinar a religião, isto é, o modo como Ele quer e deve ser venerado; nem por concessão divina, já que repugna pensar que Deus nos permitiria honrá-lo por qualquer culto, ainda que repleto de erros, vícios e impiedades [1].

2) É uma blasfêmia. Afinal, é blasfemo tudo o que nega algum dos atributos divinos. Ora, o indiferentismo nega, na teoria e na prática, ao menos a veracidade, a santidade e a sabedoria divinas. Ao proclamar igualmente boas seitas e cultos contrários em crenças e costumes, supõe com isso que a Deus agradam igualmente a verdade e o erro, o bem e o mal.

3) E é uma perniciosa injúria ao homem. É injuriosa porque, se alguém crê de fato que todas as religiões são verdadeiras, não passa de um louco, aceitando ao mesmo tempo proposições contraditórias. É a condição de quem afirma serem igualmente boas todas as religiões. Afinal, deve aceitar simultaneamente que Cristo é apenas homem, como praguejam os muçulmanos, mas que também é o Filho de Deus, como creem os cristãos; que o Romano Pontífice é por instituição divina o vigário de Cristo, segundo os católicos, mas que também é o “Anticristo”, como afirmam muitos protestantes; que o Messias já veio ao mundo, com os cristãos, mas que ainda não veio, com os judeus… Se, por outro lado, alguém crê que há apenas uma religião verdadeira, mas aprova as demais, mesmo que da boca para fora, torna-se hipócrita. E, além de hipócrita, torna-se ímpio, se pensa que são todas falsas, mas diz e ensina o contrário.

É, enfim, perniciosa ao homem. Porque, mesmo que fosse meramente provável a existência de uma só religião verdadeira e obrigatória, a única pela qual poderíamos prestar o culto devido a Deus e alcançar nosso fim último, seria uma gravíssima imprudência não buscá-la e professá-la. Daí se vê o absurdo em que caem os que buscam uma religião para nela se “sentirem bem”, ou professam uma porque nela “se sentem melhores” ou “mais acolhidos”.

Não, o homem tem o dever de buscar a verdade, porque é só na verdade que se realiza e se lhe satisfazem os desejos mais profundos do coração. E se o homem tem, por natureza, o dever de prestar a Deus o culto que Deus mesmo quer e determinou, está por isso mesmo obrigado a buscar a religião verdadeira, pois é impossível estar obrigado a um fim sem estar obrigado também ao meio, por árduo que seja [2].

Notas

  1. É ao indiferentismo que se devem, em última análise, os fenômenos da “autorreligião” (cada um inventa a religião que quiser, misturando elementos tomados de empréstimo a diferentes seitas, movimentos, “filosofias” etc.) e da “religião fast-food” (pular de seita em seita como quem passeia pela praça de alimentação de um shopping).
  2. Esse texto se baseia em F. X. Schouppe, SJ, Elementa Theologiæ Dogmaticæ. 5.ª ed., Bruxelas, Goemaere (ed.), 1870, vol. 1, pp. 79–82, nn. 52–62. Cf. J. M. Hervé, Manuale Theologiæ Dogmaticæ. Paris, Berche & Pagis (eds.), 1929, vol. 1, p. 83s.
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