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Texto do episódio
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É pecado usar roupas curtas ou colantes?

Para responder a essa questão, é preciso que entendamos primeiro em que consiste a moral cristã, resumida por Nosso Senhor em dois mandamentos principais (cf. Mt 22, 34-40; Mc 12, 28-31; Lc 10, 25-28): "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento" (Dt 6, 5) e "Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19, 18).

O núcleo da mensagem cristã não é outro, portanto, senão o amor. Quem não tem isso constantemente diante dos olhos pode terminar interpretando a doutrina moral do Evangelho sob um viés errado, como se ela fosse um simples "código de leis" ou um exacerbamento dos "complexos de culpa" mal resolvidos do homem. Não se trata disso, absolutamente. Como gostava de lembrar o Papa Bento XVI, a fé cristã é sobretudo o encontro com uma Pessoa, mais que com "uma decisão ética ou uma grande ideia" [1], e é por causa desse encontro pessoal e transformador que se desenvolve todo o mais da vida cristã.

Posto isso, é necessário considerarmos os três objetos do amor cristão [2], que são atingidos quando uma pessoa veste uma roupa sensual:

  1. O primeiro e mais evidente é o amor ao próximo, pois quem se veste indecentemente causa escândalo para as pessoas à sua volta, colocando-as em ocasião de pecado. Foi o próprio Cristo quem disse que "todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 5, 28). É verdade que os maus olhares e pensamentos sujos são de iniciativa das outras pessoas, mas quem quer que se vista de modo "francamente provocativo" atua como um chamariz, ainda que não tenha a intenção clara de "seduzir o próximo ou excitar as suas paixões", coisa que seria ainda pior [3].
  2. O segundo é o amor a si mesmo, pois a pessoa que se veste de modo sensual e provocante, ao mesmo tempo em que revela os traços de seu corpo, termina escondendo o que de mais importante há em si: sua alma [4]. Para comprovar essa verdade, basta olhar para o aviltante papel a que se prestam homens e mulheres sambando desnudos sobre os carros alegóricos carnavalescos, degradados como simples "pedaços de carne" à vista.
  3. O que se tem, por fim, é uma falta contra o amor a Deus, muitas vezes por temor mundano. Quando alguém sabe, por exemplo, que deve vestir-se dignamente, mas não o faz por medo do que pensarão ou dirão seus amigos ou familiares, é porque prefere o amor das criaturas ao de Deus.

Note-se, portanto, como o uso de roupas curtas ou colantes constitui uma grande falta de caridade para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo. Por isso, o amor tem que estar em tudo, inclusive no modo como nos vestimos. Na próxima vez que for abrir o seu guarda-roupa para escolher o seu vestuário, lembre-se: você é uma pessoa que ama.

Referências

  1. Papa Bento XVI, Carta Encíclica Deus Caritas Est (25 de dezembro de 2005), n. 1.
  2. Cf. Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 12. Neste artigo, Santo Tomás de Aquino cita a autoridade de Santo Agostinho para dizer que são quatro os objetos da caridade, não três. É que o Aquinate distingue o amor a si mesmo do amor ao próprio corpo, distinção que também o Padre Paulo Ricardo faz no vídeo, ao lembrar a supremacia de nossa alma sobre nosso corpo e a dignidade deste último.
  3. ROYO MARÍN, Antonio. Teología moral para seglares. I, Moral fundamental y especial. 4. ed. Madrid: BAC, 1973, p. 415.
  4. Santo Tomás de Aquino, ao responder se os pecadores se amam a si mesmos, mostra como os maus, amando "a si mesmos segundo a corrupção do homem exterior", não se amam verdadeiramente: "Os maus não querem conservar a integridade do homem interior, não aspiram para si os bens espirituais, não trabalham para alcançá-los, nem têm prazer em conviver consigo mesmos voltando-se ao seu coração porque nele encontram os males presentes, passados e futuros, que só podem detestar; não vivem em paz consigo mesmos pois sua consciência está cheia de remorsos, como está em Sl 49, 21: 'Eu te acuso e me levanto contra a tua face'." (Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 7).
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