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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Para ser verdadeira e completa, a penitência deve ser interna e externa. Em seu elemento interno, a penitência consiste no que os gregos chamavam de μετάνοια, isto é, uma mudança de mentalidade, nascida do arrependimento pelos pecados cometidos. De fato, ninguém pode estar verdadeiramente arrependido do mal que fez se não o reconhece como mal nem tem o desejo de evitá-lo no futuro, o que supõe reavaliar, isto é, dar outro valor às próprias ações.

Em seu elemento externo, a penitência é antes de tudo a reparação da culpa, que se realiza pelo sacramento da Confissão, instituído por Deus para perdoar ao homem toda falta grave após o Batismo, e a satisfação da pena, que pode ser sacramental, quando imposta pelo confessor dentro do sacramento, ou livre, quando é o próprio penitente que, além da satisfação ordinária da Confissão, oferece a Deus outras obras para compensar de algum modo os pecados cometidos.

Embora o arrependimento interior seja essencial à verdadeira penitência, esta não é completa sem a penitência exterior, de sorte que, se falta ao homem a disposição ou o desejo, ao menos implícito, de satisfazer pelo pecado, não se pode dizer que ele esteja realmente arrependido nem, portanto, que sua penitência seja sincera. Afinal,

ambas as penitências estão intimamente conectadas, de tal modo que, na presente ordem de coisas, não pode haver uma sem a outra. De fato, a verdadeira virtude [interior] da penitência inclui o voto [ou desejo] do sacramento da Penitência, porque o pecador não pode satisfazer a Deus com as próprias forças, senão que necessita para isso do sacramento da Penitência. Por outro lado, o sacramento da Penitência não pode ser validamente recebido se não houver [antes] um ato de verdadeira virtude da penitência, a saber: contrição ou atrição. Com efeito, embora a confissão e a satisfação possam estar ausentes em caso de necessidade (por exemplo, num homem privado dos sentidos), o ato da virtude da penitência é certamente uma condição sem a qual ninguém pode ser validamente absolvido. Esta penitência interna unida ao mesmo tempo à externa costuma ser chamada pelos Santos Padres de batismo doloroso ou também segunda tábua após o naufrágio [1].
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