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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1, 39-47)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou em seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.

Com grande alegria celebramos hoje a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina. As circunstâncias que rodeiam a aparição da Virgem SS. no México, há cerca de 5 séculos, são um exemplo verdadeiramente divino de como deve a Igreja inculturar o Evangelho a cada povo ou, melhor dizendo, inculturar cada povo ao Evangelho. Com efeito, no tempo em que apareceu Nossa Senhora de Guadalupe, o México vivia sob a opressão de uma religião pagã. O império asteca alimentava-se de sangue, e sangue indígena, pelo sacrifício constante de dezenas de prisioneiros aos seus falsos deuses, com base na crença, de origem claramente satânica, de que apenas a oblação de carne humana garantiria o nascimento diário do sol. E Maria, quando quis aparecer no México, adotou feições indígenas, trajada com a veste típica da imperatriz asteca, portando em seu ventre um menino. Como mãe do futuro imperador, sob os pés dela jaziam, derrotados, o sol e a lua — cultuados como deuses pelos astecas —, a fim de mostrar que o Filho que ela traz dentro de si vem para libertar aquele povo da sua religião falsa e assassina. Nós, centenas de anos depois, vivemos ainda a mesma situação: não temos, é verdade, uma religião pagã que exija sacrifícios humanos, mas temos hoje a nossa própria cultura da morte. E embora não tenhamos altares, quantos homens não são consumidos diariamente nesta máquina de moer carne que é o aborto, expressão máxima da idolatria da própria “liberdade”, da própria “autonomia”? Mas Maria nos apareceu grávida, para dizer-nos que esta vida vale, sim, a pena, porque é nela que temos a chance de receber o batismo, porta de entrada para a outra vida, conquistada por Cristo na cruz. Como os milhões de índios que se converteram à religião da vida e da salvação, graças às aparições da Virgem de Guadalupe, também nós tenhamos a coragem de abandonar os nossos falsos deuses, de dizer um basta à cultura da morte em cujas “clínicas”, templos daquele que é homicida desde o princípio, incontáveis vidas são ceifadas, e refugiemo-nos debaixo do manto de Nossa Senhora. Por meio dela, temos acesso fácil e seguro ao nosso Rei e Senhor, que deseja reinar sobre nós com cetro de ferro, de verdade e justiça, mas com a delicadeza de um Salvador compassivo.

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