Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 54-58)
Naquele tempo, dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.
Tem a espiritualidade inaciana ou, antes, o método espiritual proposto por S. Inácio de Loyola em seus célebres Exercícios uma vantagem sobre os de sua época, que é começar não pelos estágios em que já deveria encontrar-se a alma convertida e devota antes de alçar os primeiros voos de perfeição, mas pelo princípio e o fundamento de que deve partir todo homem, se quer realmente fazer algum progresso na santidade. Esse princípio e fundamento não são outra coisa que o fim para o qual fomos criados e ao qual, portanto, devemos ordenar toda a nossa vida. Ora, o homem foi criado para um único e supremo fim: louvar e adorar ao Senhor Deus para, servindo-O neste mundo, alcançar no outro a salvação eterna. Todas as demais coisas que existem sobre a Terra foram criadas em função do homem, isto é, para ajudá-lo a alcançar este fim. Donde se segue que o homem deve servir-se e abster-se das criaturas na precisa medida em que o ajudam a salvar-se, como instrumentos úteis, ou não, como obstáculos nocivos. Eis por que, conclui S. Inácio, hemos de manter uma sadia indiferença a todas as coisas criadas que, sendo honestas em si mesmas, estão sujeitas ao nosso livre-arbítrio, de modo que não queiramos mais a saúde do que a doença nem prefiramos as riquezas à pobreza, a honra ao desprezo, uma vida longa a uma breve. É esse o único necessário que devemos ter presente, como a razão, a meta, o objetivo pelo qual existimos e em torno do qual é preciso organizar, se com ele forem compatíveis e a ele conduzirem, todos os outros bons projetos que venhamos a empreender. Se não tivermos bem claro para que viemos a este mundo, viveremos ou como birutas ao vento, que mudam de direção ao sabor do sopro da manhã e da tarde, ou como homens quiçá muito realizados aos olhos do mundo, mas que frustraram seu fim último por terem, em meio a tantas “conquistas”, errado de alvo. — Que S. Inácio de Loyola nos alcance, por sua intercessão, esta sensatez tão necessária e esta alma bem centrada no único que importa, no único que nos pode desentortar os caminhos, pondo-nos no rumo certo da verdadeira bem-aventurança.
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