Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 24-33)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares!
Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!
Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus”.
Celebramos hoje a memória de S. Bento de Núrsia, pai do Ocidente, que, por meio de sua famosa Regra monástica, transformou para sempre a história da humanidade. No capítulo V da Regra, S. Bento nos fala de uma das características essenciais da vida cristã: a obediência, primeiro grau da humildade e fundamento sobre o qual, juntamente com a virtude da fé, se ergue todo o nosso edifício espiritual. Primus humilitatis gradus est obœdientia sine mora, “O primeiro grau da humildade é uma obediência sem demora”, quer dizer, que não se perde em contemporizações nem cálculos. Por isso, a obediência e, por conseguinte, o princípio de uma santidade frutuosa só convém àqueles que nada estimam mais do que a Cristo: Hæc convenit his, qui nihil sibi a Christo carius existimant, isto é, aos que, desejando ser santos, quer por medo do inferno (seu propter metum gehennæ), quer por causa da glória da vida eterna (vel propter gloriam vitæ æternæ), começam a alimentar um ardente desejo de estarem unidos ao Senhor, cuja vontade se dispõem a realizar o mais prontamente possível: Moram pati nesciant in faciendo. Essa pressa em agradar a Cristo para com Ele estar unido não é mais do que um sinal da presença da virtude da esperança. Prova disso é que os obedientes e, portanto, os humildes e cheios de fé, apoderados do desejo de vida eterna, “lançam-se como de assalto ao caminho estreito do qual dissera o Senhor: ‘Estreito é o caminho que leva à vida’” (Jo 6, 38): Ideo, angustam viam arripiunt, isto é, como que tomam com violência, sabendo dos percalços que terão pela frente, todos os meios conducentes à salvação, pois “o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos”, os decididos e determinados, “que o conquistam” (Mt 11, 12). Isso significa na prática que é absolutamente imprescindível que nos disponhamos com vontade firme e constante a pagar o preço de chegarmos santos ao céu: a) separar um tempo para rezar todos os dias, segundo as possibilidades do estado de vida de cada um; b) determinar-se a amar a Deus com toda a intensidade possível no único momento que temos, que é o presente; c) organizar-se para receber, não só com mais frequência, mas com mais fruto e melhor preparo os sacramentos da Penitência e da Eucaristia. De olhos fixos no Senhor, que nada nos distraia, que nada nos desanime: lancemo-nos de assalto à vida espiritual, pois estreito é o caminho que leva ao Reino dos céus, e são os violentos que o conquistam.
O que achou desse conteúdo?