Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 43-49)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de plantas espinhosas.
O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio. Por que me chamais: 'Senhor! Senhor!', mas não fazeis o que eu digo?
Vou mostrar-vos com quem se parece todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática. É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída.
Aquele, porém, que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa no chão, sem alicerce. A torrente deu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa".
Os santos Cornélio e Cipriano, cuja memória hoje celebramos, foram dois mártires do século III que morreram com mais ou menos cinco anos de intervalo: o primeiro em 253; o segundo em 258. A Igreja os recorda em sua Liturgia há mais de um milênio, como atesta o próprio Cânon Romano, em que o nome deles é mencionado no Communicantes pouco depois dos Apóstolos. São Cornélio foi romano de origem e chegou a ocupar o sólio pontifício; o seu pontificado, que durou cerca de dois anos, foi bastante turbulento em virtude não só da intensa onda de perseguições movida pelo imperador Décio contra a Igreja, mas também do cisma de Novaciano. São Cipriano, que antes de converter-se à fé exercera a função de advogado, foi Bispo de Cartago, no norte da África, e teve de enfrentar o cisma do presbítero Novato. A época em que ambos viveram, se por um lado presenciou a coragem extrema de muitos mártires, viu também a queda vergonhosa de inúmeros cristãos — os chamados lapsi, "caídos" —, que preferiam ceder à pressão das autoridades romanas a seguir a Cristo com sua cruz. São Cornélio e São Cipriano defenderam o direito de tais fiéis serem readmitidos à comunidade cristã, desde que fizessem a devida penitência, a fim de reparar, por um lado, o gravíssimo pecado de infidelidade que haviam cometido e, por outro, reconstruir em seus corações a imagem do Senhor crucificado que tinham rejeitado. Que o exemplo e a intercessão destes dois santos nos levem a viver como convém o espírito de penitência, para que também nós, chorando os pecados com que ofendemos e traímos a Deus, possamos ser readmitidos à sua presença e contados no número de seus amigos fiéis.
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