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Memória de São João de Capistrano

“Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo 15, 14s).

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 54-59)

Naquele tempo, Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?

Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Celebramos hoje a memória de S. João de Capistrano, sacerdote franciscano. S. João viveu no final da Idade Média, no séc. XV, e, antes de abraçar a vocação sacerdotal, viveu por muitos anos como simples leigo. Casou-se, não teve filhos e, após uma pequena carreira de sucessos na advocacia, perdeu aos 39 anos a mulher. Isto, somado a outras provações, lhe causou grande dor e o motivou a entregar-se à vida religiosa. João fora um experimentado conciliador e logrou conduzir a um acordo duas facções rivais de sua época. Mas, uma vez apaziguados, ambos os grupos  passaram a caluniá-lo, a ponto de conseguirem metê-lo na prisão. Encarcerado, João se deu conta de que só temos neste mundo um único amigo verdadeiro e fiel: Deus. Foi essa experiência de sofrimento, desolação e abandono uma ocasião de mudança na vida do santo. Liberto, sem esposa nem o prestígio de antes, João decidiu tornar-se padre. No entanto, para fazê-lo sobressair em humildade, Deus lhe permitiu novas dificuldades na nova vocação. Por duas vezes o rejeitaram no Convento dos Frades Menores Observantes e, mesmo depois de aprovado, obrigaram-no a submeter-se a uma prova vexatória: desfilar em cima de um burrico pela cidade, vestido com trapos surrados e uma mitra de papel com alguns pecados escritos. Ele, porém, aceitou entrar na vida religiosa por tão humilhante porta, vindo a tornar-se um padre de vida exemplar e rigorosa penitência. Logo a Igreja notou-lhe o talento natural para questões diplomáticas. Por isso, o Papa houve por bem enviá-lo em numerosíssimas missões para reconciliar grupos rivais não só entre si, mas com Deus. Nos últimos anos de vida, S. João foi convocado para uma missão distinta: ser “chefe” de exércitos. Com sua pregação encendrada, conseguiu reunir e animar mais de 40.000 soldados de diversas nações, empenhados em lutar contra o invasor muçulmano. Morreu pouco tempo depois, aos 71 anos, tendo servido a Deus em quase todos os estados e vocações, por caminhos à primeira vista “mal traçados”, mas todos perfeitamente alinhados segundo os desígnios da Providência divina, que tudo faz concorrer para o bem dos que amam a Deus, amigo das almas santas.

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