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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 12, 13-17)

Naquele tempo, as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. Quando chegaram, disseram a Jesus: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?”

Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: “Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja”. Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: “De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam: “De César”. Então Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. E eles ficaram admirados com Jesus.

Celebramos hoje a memória de S. Justino, mártir. Justino viveu no que chamamos de idade sub-apostólica, época em que ainda havia pessoas que conheceram os Apóstolos. Trata-se da primeira leva de santos, num momento em que a Igreja já estava sendo perseguida e martirizada. S. Justino nasceu na Samaria, a mesma Samaria onde Jesus encontrou a samaritana no poço de Sicar. Ele foi leigo e um grande estudioso porque, além de conhecer profundamente a doutrina cristã, para ele a verdadeira filosofia, também se deu ao trabalho de defender a Igreja diante dos imperadores romanos. Justino escreveu suas Apologias ao imperador Antonino Pio, nas quais descreve com detalhes a vida dos primeiros cristãos. É interessante ler as apologias de Justino e ver como a Igreja nasceu católica. Nelas, não se vê traço algum da heresia protestante. Justino nunca diz: “Nós cristãos seguimos a autoridade das Escrituras e trazemos a Bíblia debaixo do braço para que cada um a interprete como quiser”. Não! Ao descrever a vida cristã para o imperador, ele fala de uma Igreja plenamente católica. Ele descreve, por exemplo, os ritos sacramentais que nós católicos usamos até hoje. A descrição que ele faz da Santa Missa é extraordinária. Ele diz claramente que os cristãos se reuniam no dia do Sol, isto é, no que hoje chamamos de domingo. E, reunidos nesse dia, os fiéis se punham ao redor do bispo para ler as “memórias dos Apóstolos”, ou seja, os evangelhos, as cartas de S. Paulo etc. O bispo então interpretava o que estava ali escrito. Terminada essa primeira parte da Missa, também chamada de “Missa dos catecúmenos” ou “Liturgia da palavra”, tinha início a liturgia propriamente eucarística, ou “Missa dos fiéis”. Traziam pão e vinho, e o sacerdote celebrante rezava uma oração sobre as oferendas e os dons, que se tornavam “eucaristizados” — é o termo que ele usa. Em seguida, todos comungavam; depois, a comunhão era levada para os ausentes e os enfermos. Estamos diante de um apologista, um defensor da fé que depois morreu mártir. Ele não se limitou a defender a fé com escritos, mas com a própria vida derramando o próprio sangue, um exemplo extraordinário que nos inspira sobretudo nestes tempos, em que precisamos de milhares de Justinos! Precisamos de leigos que estudem a doutrina cristã e, convencidos dela, não somente vejam com a inteligência a verdade da fé, mas a experimentem por meio de uma santidade profunda. Sim, porque, quando nos debruçamos sobre as verdades da fé e começamos a buscar um conhecimento mais profundo, terminamos, com a graça de Deus, tendo delas um conhecimento também experimental. Deus pode e quer nos dar experiência das verdades que estudamos, e é por meio dessa experiência que toca o fundo da alma que nos tornamos capazes de derramar o sangue por amor a Cristo. Vivemos numa época em que a Igreja passa por uma grande apostasia. A tragédia que vivemos é que os católicos não estão mais prontos para o martírio. Por isso, diante do primeiro aperto do mundo, a alma “espana” e abandona a fé! Antigamente, para que os católicos apostatassem, eram necessárias ameaças, cadeias, torturas... Hoje, não é preciso muito: basta uma censura do Facebook ou o medo de que os “amigos” olhem torto para que o fiel mude de opinião e se conforme ao mundo. Hoje em dia, infelizmente, uma multidão de leigos, diante das verdades católicas e das falsidades e mentiras do mundo, alegremente abandona as primeiras para abraçar as segundas. Ideologias como o gênero, relativismo religioso, indiferentismo, uma moral sexual laxa etc., eis o caminho largo que os católicos de hoje têm preferido ao estreito da verdade cristã! E essa grande apostasia se dá desde o mais pequeno fiel até homens ilustres e importantes do clero. E tudo isso está acontecendo bem diante dos nossos olhos! Por quê? Porque não temos mais gente do calibre de um S. Justino, homens que verdadeiramente se ponham a estudar como ele, um filósofo que não quis apenas conhecer as coisas, mas saboreá-las por dentro, fazer esse conhecimento experimental da verdade que o tornou capaz de derramar o sangue para testemunhar a fé. Que S. Justino interceda por nós e nos dê a graça de verdadeiramente experimentarmos as verdades que ele defendeu com seus escritos e com o seu sangue, para que também nós sejamos dignos das promessas de Cristo.

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