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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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O Evangelho das Dez Virgens (Mt 25, 1-13) coloca-nos diante da realidade de que precisamos estar sempre com os olhos fixos em Deus, preparados para aquilo que é a razão pela qual nós viemos a este mundo.

Jesus está ensinando, nessa parábola, que nós temos uma finalidade, um objetivo a cumprir neste mundo. Mas isso é algo muito difícil para as pessoas perceberem. Afinal, é algo próprio da alma; somente os seres inteligentes, como os seres humanos e os anjos, são capazes de enxergar a finalidade das coisas, aquilo que em Filosofia chamamos de causa final: viemos a este mundo por uma razão, um porquê. E este porquê é importante para a nossa saúde espiritual.

Vamos olhar para o mundo dos animais para que tudo fique mais claro. Quando um animal alcança aquilo que deseja, ele já tem tudo de que precisa. Quando um cachorrinho está com fome e alcança comida, uma vez que ele tem o estômago saciado, ele tem tudo que poderia querer, e está completamente satisfeito. Mas nós, seres humanos, não somos assim: uma vez que alcançamos aquilo que queríamos, saciamos apenas o nosso corpo. Alguém que come o que desejava comer não está totalmente satisfeito, não alcançou o que mais queria. Há algo mais, está sempre faltando alguma coisa!

Não é preciso ter fé no que estou dizendo, basta que observemos a nós mesmos para vermos como é o “fenômeno” chamado ser humano. Nós somos assim: quando alcançamos o que queríamos, pensamos que encontraremos a felicidade, mas o resultado parece ser sempre um pouco frustrante, porque nunca satisfazemos plenamente nossos desejos — esta é a nossa miséria. Isso acontece porque temos algo que os animais não têm: uma busca de sentido, uma causa final.

Quando o animal está com fome e come, está satisfeito. Se o animal quer ter relações sexuais, basta acasalar e estará saciado. O animal quer descansar? Basta dormir, e estará totalmente feliz. Uma vez que ele satisfez o corpo, realizou tudo o que tinha para realizar, porque os animais são somente corpo.

Mas nós não somos somente corpo, temos algo chamado alma; e uma alma inteligente, que tem uma meta, um sentido de vida, um sonho, um porquê, um “para onde”. É assim que nós somos! Os seres humanos precisam de um objetivo; este objetivo pode ser algo a se cumprir neste mundo, mas necessariamente está também no outro mundo. As duas coisas têm de funcionar juntas. Não pode ser assim: “A minha finalidade é o Céu, e não tenho nada a fazer aqui na terra”. Quando pensamos assim, descobrimos nossa vocação apenas pela metade. Ora, a nossa vocação é o Céu, mas nós iremos alcançar esta meta final através de outras metas, que fazem parte de nossa vida aqui neste mundo. Por isso, nós temos vocação, uma missão aqui nesta vida.

Pensemos sobre um exemplo óbvio: qual é a nossa vocação? Em primeiro lugar, nascemos para o Céu, para sermos felizes com Deus na Eternidade; mas, enquanto estamos aqui na terra, quais são os meios para que possamos chegar até lá? Então, existem outras outras metas que precisamos alcançar para esse objetivo. E qual é a primeira coisa que temos de fazer aqui, bem concretamente? Precisamos nos unir a Jesus! Todos temos de ter essa meta — ambição, sentido, sonho e finalidade — de nos unirmos cada vez mais a Ele ainda aqui neste mundo. No Céu, enfim, a nossa união a Cristo será perfeita e plena até a saciedade: uma felicidade indescritível e eterna.

Mas, para chegar lá, quais são os meios que temos de nos unirmos a Jesus aqui na terra — ó virgens imprudentes? Qual é o óleo que precisamos pôr dentro de nossas lâmpadas para quando vier o Esposo? O primeiro óleo é o do Batismo. Precisamos ser batizados para nos tornarmos membros do único Corpo de Cristo, que é a Santa Igreja Católica. Esta é a primeira forma de estarmos unidos a Ele, seguida pela fé.

Ter significa que precisamos crer em “tudo o que crê e ensina a Santa Igreja Católica, porque Deus, Verdade infalível, o revelou”. Essas verdades infalíveis já estão determinadas, muitas delas através de Concílios ecumênicos, de declarações infalíveis do Papa e do Magistério. Precisamos crer naquilo que a Igreja sempre ensinou, não no que “o Padre Paulo ensinou”. Devemos crer no que o Padre Paulo Ricardo ensina se, e somente se, ele estiver transmitindo aquilo que a Igreja sempre ensinou. No dia em que começarem a aprender, desse ou qualquer outro padre, alguma “novidade”, coisas que são exclusivamente fruto de sua cabeça, fujam!

O próprio São Paulo nos alertou: “Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja excluído!” (Gl 1,8). Nós precisamos, como valor primordial, manter a comunhão com a única Igreja de Cristo, que está ao longo dos séculos nos ensinando o caminho do Céu. Para nos mantermos em comunhão com esta Igreja de dois mil anos, precisamos estar dispostos a derramar o nosso sangue. Foi o que os santos mártires fizeram!

Dito isso, estar em comunhão com a Igreja não significa comunhão com a “última novidade” ensinada pelo mais recente teólogo moderno em voga. As pessoas às vezes vêm ao confessionário dizendo assim: “Padre, eu estou com dúvida de fé”. Ora, mas a coisa mais fácil do mundo é resolver uma dúvida de fé: basta crer no mesmo que os santos creram! Porém, o que geralmente essas pessoas vêm me dizer é algo como: “É que eu li num artigo… Será que Jesus está presente na Eucaristia de verdade? Ou isso seria somente um símbolo?”

Para dirimir esse tipo de dúvida, bastaria pensar: no que cria Santa Teresinha? Ela acreditava que Jesus estava presente de verdade na Eucaristia? Sim! No que criam o santo Padre Pio de Pietrelcina, ou Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho? No que criam os santos mártires da Eucaristia, como São Tarcísio, que deu a vida para não entregar à profanação Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Seria porque ele pensava que aquilo era “somente um símbolos de partilha” ou uma “metáfora de Jesus”? Não! Ele cria de verdade que ali na hóstia santa está Jesus. Portanto, de qual Igreja vamos participar?

Há também pessoas que vêm me dizer que não sabem mais qual é o ensinamento da moral sexual católica. Ora, mas como “não sabem mais”? Basta, mais uma vez, olhar os grandes santos que demonstraram de forma heroica a virtude da castidade, os mártires que preferiram morrer a ter um ato sexual imoral e ilícito. Desde as santas virgens e mártires dos primeiros séculos, como Santa Inês, Santa Luzia, Santa Ágata, até santos mais recentes, como Santa Maria Goretti, São Carlos Lwanga e outros, inclusive beatificados aqui no Brasil. Esta é a moral católica.

Não é preciso sequer o Catecismo para saber sobre essas questões. Basta olhar para a vida dos santos! É essa a Igreja de que fazemos parte. Não é porque estamos no mundo moderno que devemos abrir qualquer tipo de exceção. Vamos pensar a este respeito: qual o sentido de falarmos dos mártires da castidade? De canonizar e beatificar esses santos homens e mulheres para, em seguida, dizer que podemos negociar com a sexualidade, cedendo ao autoengano, cada vez mais frequente, de dizer: “Sei qual é o ideal, mas ainda não o alcancei. estou em adultério, unido a alguém que não é meu marido (ou minha esposa), mas estou ciente de que minha situação não é a ideal”? Ora, esse tipo de atitude é uma novidade que nunca existiu na história da Igreja Católica.

Em nossa história de dois mil anos, centenas, milhares de pessoas derramaram seu sangue, por amor a Cristo, para não terem um ato sexual ilícito. Ou então o fizeram para não cometerem o menor tipo de idolatria, quando tentavam lhes obrigar a adorar falsos deuses, de falsas religiões. No entanto, há quem queira, hoje em dia, dar uma “passadinha no terreiro”, ou ir por curiosidade no culto de outra religião, ainda que esta “não seja a ideal”. Imagine dizermos esse tipo de absurdo e termos de encarar, face a face, os santos mártires? O que diríamos para aqueles milhares que derramaram seu sangue para não cederem aos rogos de César e de seu mundo contemporâneo, que queria lhes obrigar a trair o Deus verdadeiro?

Caso os primeiros cristãos pensassem como muitos de nós hoje em dia, eles teriam adorado a César. Afinal, estariam apenas se “adaptando ao seu tempo”. E então não teriam derramado seu sangue nem ganhado o prêmio da glória eterna. Há, portanto, alguma coisa profundamente errada, não só pastoralmente, mas moral e doutrinariamente, no fato de que se aceita por aí o ensino de que uma determinada situação “não é a ideal, mas podemos ir flertando com o pecado mortal e esperar que um dia as coisas se resolvam.”

Esse tipo de “novidade” jamais foi ensinado por santo algum; nem por qualquer um dos vinte e um Concílios ecumênicos: de Niceia ao Vaticano II. Então, o ônus de quem afirma esse tipo de possibilidade: como explicar um ensinamento que não se coaduna com a atitude dos mártires? Não é possível ver outra saída para esses “católicos modernos” do que admitirem que pensam que os mártires eram “bobinhos fanáticos”, que se tivessem sido mais “pastorais e maleáveis, menos rígidos”, teriam pensado na adoração a César como uma espécie de tolerância e macro-ecumenismo, e assim poderiam ter escapado da morte.

Da mesma forma, cabe a essas pessoas o ônus de admitir que pensam que os mártires da castidade eram alguma espécie de neuróticos, com um “relacionamento desequilibrado com a sexualidade”; típico de pessoas que não viveram “as maravilhas da revolução sexual” dos anos 1960. Na cabeça desses “católicos modernos”, quem está certo nessa história é a nossa geração da explosão do divórcio; a geração que está enchendo as clínicas de psiquiatria; que está entregando os filhos às drogas e à perversão sexual — os santos seriam todos frustrados.

Ora, ainda que o mundo contemporâneo se gabe de poder “liberar geral”, claramente não está podendo dizer que produz pessoas mais felizes, como prova o quadro geral. E há como “liberar” mais do que o que já está sendo feito? Há algum dogma ou preceito da moral sexual que não tenha sido infligido e defendido efusivamente nas mais diversas instâncias da sociedade? E aí vem a insistência no questionamento: “Mas as pessoas realmente estão mais felizes?” Não estão, porque não foram feitas para o egoísmo, mas para amar.

Nós estamos falando, aqui, virgens imprudentes, da finalidade última, que é a nossa união com Deus no Céu e, portanto, aqui nessa terra nós precisamos realizar os atos de amor. E, para realizar o amor, é preciso moer o egoísmo dentro de nós. Não existe nenhum método para amar que não passe por esse processo. É impossível que o amor brote espontaneamente do egoísmo! Não se pode esperar que a pessoa se preocupe em “conhecer seu corpo” pela masturbação; que trate os outros como mercadorias descartáveis através de aplicativos de encontros ou da pornografia; que explore por curiosidade todo tipo e forma de sexualidade — do mesmo sexo a animais, espíritos, plantas e energias cósmicas — e um dia, de repente, brote disso alguma forma verdadeira de amor.

Como os pais ensinam seus filhos a amar? Ensinando-os a serem egoístas? Deixando que eles façam tudo o que quiserem? Não! Só há uma forma de ensinar os filhos a amar: ensinando-os a contrariarem seus próprios caprichos e vontades, suas veleidades, seus gostos egoístas, pessoais e mesquinhos. Se não for assim, deixaremos os pequenos selvagens que estão dentro de nós tomarem conta e fazerem somente o que desejamos, não vai dar certo! O amor não surgirá disso.

Ó virgens imprudentes, nós nascemos para amar! Nascemos para o encontro com o Esposo; mas para aquele encontro lá no Céu, precisamos estar preparados aqui na terra, precisamos encher as nossas lâmpadas com óleo aqui na terra. Portanto, primeira coisa: Batismo. Segunda: a fé da Igreja de sempre. E terceira: esta fé pede que busquemos o estado de graça. Quem está em pecado mortal, corra para o confessionário, pague o preço que for, abandone o pecado agora! Abandone agora o adultério. Abandone agora a pornografia e a masturbação. Abandone agora os anticoncepcionais, a pílula do dia seguinte, o DIU, os métodos anticoncepcionais e abortivos. Abandone isso agora, porque assim comanda a lei de Deus.

É ilusão pensar que podemos continuar vivendo no egoísmo, porque um dia brotará o amor. É agora que precisamos agir. Nós temos de deixar todos os pecados mortais, de uma vez e para sempre. Esse sempre foi o método da Igreja. As pessoas estão agora querendo adotar, para os pecados mortais, os métodos com os quais combatemos os pecados veniais.

Vamos compreender melhor: os pecados veniais são aqueles pecados leves, que demonstram nossas imperfeições, mas não afrontam diretamente os Dez Mandamentos. Por exemplo: aquela nossa irritação diária; a falta de paciência com os filhos, mas sem lhes desejar o mal; aquelas situações em que deliberadamente deixamos as rédeas da impaciência tomarem conta. Situações em que não desejamos o mal, não pecamos contra a benevolência, mas que denotam as desordens que deixamos tomarem conta: pequenas mentiras que contamos para nós mesmos; a gula em geral; pequenas vaidades que não desembocam em soberba. Enfim, como nos livramos de todas essas coisas? Não há outro caminho para nos livrarmos dos pecados veniais a não ser pedagogicamente, aos poucos.

Não adianta tentarmos enfrentar todos os pecados veniais ao mesmo tempo, geralmente não se tem sucesso. É preciso ter paciência consigo mesmo e ir combatendo um por um. Mas não é assim que se faz com os pecados mortais.

O método que a Igreja ensinou a seus filhos sempre foi: os pecados mortais devem ser combatidos com veemência, devemos renunciar a todos os pecados mortais, de uma vez e para sempre; porque eles matam a caridade, a união com Cristo. 

Então, ó virgens imprudentes, o que precisamos fazer para ter óleo na lâmpada quando o Esposo chegar? Batismo, a fé da Igreja de sempre, nada de novidades, estar em estado de graça. Correr para o confessionário se não estamos em estado de graça! Abandonar os pecados mortais para sempre; e sermos pedagógicos e pacientes com os pecados veniais, combatendo um por um.

A loucura dos tempos de hoje é as pessoas quererem adotar o método do combate aos pecados veniais para os mortais. E então dizem absurdos como: “Eu vou parar aos poucos com o adultério, com a fornicação. Antes, fazia isso toda semana, agora cometerei apenas uma vez por mês”. Não é assim! Com pecado mortal, não há vida na graça. Precisamos ter coragem para abandonar para sempre os pecados mortais, lembrando-nos de que Deus jamais pediria que fizéssemos algo impossível.

E então, aos poucos, vamos descobrindo nossa vocação aqui nesta terra. O óleo que vamos colocando na lamparina é o amor de Deus, com o qual vamos amando. E temos de ir amando concretamente as pessoas. O que é amar concretamente a Deus sendo padre? Ora, preciso ser um homem para os outros, senão não funcionará; eu preciso não ser para mim. O que é amar a Deus concretamente sendo pai, ou sendo mãe de família? É sendo um homem e uma mulher para os outros.

O que é uma mulher, depois que se torna mãe? É uma mulher para os outros. Quantas mulheres sofrem porque, depois de serem mães, ficam pensando: “E eu? Como é que eu fico?” Ora, nós nascemos para os outros! Todo ser humano maduro e realizado descobre que nasceu para os outros, nasceu para servir a Deus nos outros. Então, aquela vocação lá no Céu, que é a união máxima com Cristo, precisa começar aqui na terra, na união entre mim e Cristo que está no irmão; e também na oração.

Então, para que haja essa união com Cristo aqui na terra, precisamos ter uma vida sacramental: confessar e comungar continuamente. Esses são os dois sacramentos que mais recebemos, os outros cinco nós recebemos raramente; alguns, somente uma vez na vida. Batismo, Confirmação e Ordem, somente uma vez na vida; Unção dos Enfermos, raramente; Matrimônio novamente, só em caso de viuvez.

Meus irmãos, vivamos a vida sacramental! É isso que significa encher as lâmpadas com azeite. E uma vez que se tem isso, naturalmente vem a necessidade de termos uma vida de oração. E assim, aos poucos, vamos enchendo a lâmpada com azeite, pela oração, pela intimidade com Cristo. Nascemos para nos unir a Jesus ainda aqui nesta terra, com o Batismo, a fé, o estado de graça, a vida sacramental e de oração, tudo isso unido a um grande serviço a Deus através dos irmãos: ser um homem para os outros, uma mulher para os outros. Eis o nosso projeto e vocação.

“Mas, padre, eu sinto uma grande angústia!”. É porque você ainda não é profundamente você. Um padre que olha para uma longa fila do confessionário e desanima com a quantidade de pessoas que precisa atender, ainda não é profundamente padre. Afinal, ele nasceu para isso! Da mesma forma, uma mãe que olha para seus filhos e fica desesperada, ainda não é tão profundamente mãe, porque nasceu para isso! Um pai e marido que se sente “oprimido” olhando para a família que ele tem o dever de servir ao ponto de derramar o próprio sangue para levar ao Céu, ainda não é profundamente marido e pai, mas precisa ser!

Não estou dizendo que você não é padre, pai ou mãe, ou que não tenha as virtudes necessárias para tal. Mas tudo isso tem de estar intrínseco em você, para que seja isso “até a medula”. Ainda há um pedaço solteiro “esperneando” dentro de você que é pai ou mãe. Ainda há um pedaço do leigo “esperneando” dentro do padre que se desespera diante da longa fila do confessionário.

Meus irmãos, quem somos nós? Falar de vocação é falar dessa finalidade, daquilo que nós somos. Para que existe esse Missal aqui no ambão? Para ler o Evangelho na Missa. Para que existe uma caneca? Para reter líquidos, preferivelmente quentes, porque tem uma alça para não queimar meus dedos quando eu for beber. As coisas se definem por sua finalidade. Qual é a nossa finalidade? O que viemos fazer neste mundo? Viemos nos unir a Cristo já aqui na terra e, com isso, alcançar a união perfeita no Céu. Isso somos nós. O resto é palavreado e retórica.

Quem de nós ainda “esperneia” diante de uma vocação que está clara, é porque ainda não se encontrou profundamente. Você ainda não é profundamente você. Então, reconcilie-se consigo mesmo! Pare de “espernear”. Seja realmente quem Deus espera que você seja! Eu, Padre Paulo, não “estou” padre, eu sou padre. Da mesma forma é com você que é pai, mãe, consagrada, celibatário. Decida unir-se a Cristo, sendo quem você é até a medula do osso.

Então, enchamos nossas lâmpadas com azeite, ó virgens prudentes. Viemos a este mundo para a vinda final do Esposo, a união final com Cristo no Céu. Enquanto isso, precisamos ir nos unindo a Ele através do amor, e o amor se alcança como? Com Batismo, fé da Igreja, estado de graça, vida sacramental, vida de oração, serviço a Deus nos irmãos, derramamento do sangue por amor.

“Padre, como derramar nosso sangue pelos irmãos?”. A vida é feita de tempo. Imagine que o tempo são as gotas de sangue que você derrama. Quando você dedica um tempo ao seu irmão, você está lhe dando sua vida. Afinal, o momento que você dá para seu irmão não volta nunca mais. Portanto, esse é o jeito de darmos a nossa vida: dando o nosso tempo.

Você diz que quer dar a vida por sua família, mas só tem tempo para o celular, para a rede social, para a Netflix? Ora, que tipo de doação é essa? Você precisa dar o seu tempo, que é do que sua vida mortal é feita. Dê tempo para seus filhos, para sua esposa, para seu marido. Dê tempo para seu emprego, para sua missão social, para os irmãos que você ajuda.

Dê tempo para a transformação adequada deste mundo caótico, mau e egoísta, no qual estamos, num mundo um pouco melhor, onde haja um pouco mais de perdão, de caridade, de amor, de paciência e de encontro com Deus nos irmãos. E aí, no final, ouviremos Nosso Senhor que nos diz: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo” (Mt 25, 34b). Esta é a nossa fé!

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