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Texto do episódio
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Temos vivido ao longo dos últimos meses uma realidade única e extraordinária na história da Igreja. Devido à pandemia do novo coronavírus, milhões de católicos não estão tendo acesso aos sacramentos.

Independentemente das medidas prudenciais tomadas pelas autoridades, tanto civis quanto eclesiásticas, para frear o contágio, os corações católicos ainda anseiam pelo toque de Cristo ressuscitado através dos sacramentos. É perfeitamente compreensível, portanto, que muitos fiéis se sintam tristes por não poderem recebê-los, sobretudo a Eucaristia e a Confissão.

Não podemos, porém, querer consolar as pessoas com amenidades sem o devido fundamento teológico, como alguns, infelizmente, vêm tentando fazer. É lamentável que pessoas investidas da missão de ensinar a reta doutrina relativizem a necessidade da Comunhão sacramental, alegando que a presença de Cristo “onde dois ou mais estiverem reunidos” é equiparável à sua presença real na Eucaristia. Há ainda quem rebaixe o sacramento da Confissão a uma mera “encenação exterior” do perdão que Deus nos concede interiormente.

Ainda que estas afirmações se devam a uma má formação teológica, não deixam de ser totalmente falsas. Quem as endossa pode até não ser herege em sentido formal, mas o conteúdo de tais declarações — teses protestantes já condenadas pela Igreja no Concílio de Trento —, sim, é herético. 

Nesse cenário, é imperioso recordar a doutrina sacramental católica. Só assim, firmes na verdade, poderemos consolar de verdade a nossos irmãos, e não iludi-los. Antes disso, porém, é útil entender como protestantes e modernistas vêem os sacramentos. Para eles, os sacramentos não passam de cerimônias externas que, como os ritos da Antiga Aliança, têm por finalidade única suscitar no homem a virtude da fé, em cujo ato consiste, de modo exclusivo, a justificação.

O Concílio de Trento, no entanto, condenou expressamente essa tese, ao promulgar o seguinte cânon (s. VII, c. 2): “Se alguém disser que esses sacramentos da Nova Lei não diferem dos sacramentos da Antiga Lei, a não ser porque as cerimônias e ritos externos são outros: seja anátema” (DH 1602). Com esta sentença, o Concílio ensinou ainda que os ritos cerimoniais do Antigo Testamento careciam em si mesmos de eficácia santificadora, já que, como afirma a Epístola aos Hebreus (10, 4), “é impossível que o sangue de touros e de carneiros perdoe pecados”.

Os católicos, portanto, cremos que os sacramentos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo são sinais visíveis que contêm e produzem, de modo objetivo, a graça que significam. Se, com efeito, houver no rito sacramental matéria e forma válidas e um ministro com a intenção mínima de fazer o que em tal rito faz a Igreja, então o sacramento produz, por sua própria realização (ex opere operato), a graça sacramental correspondente. Os frutos espirituais dessa graça, contudo, dependem de que não lhe ponha obstáculos o sujeito que a recebe, condição que a Igreja expressa com a fórmula “non ponentibus obicem”, isto é, “aos que não põem óbice” à ação da graça.

Essa fé da Igreja sobre os sacramentos, reforçou-a o Concílio de Trento ao condenar as heresias protestantes contrárias:

Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não contêm a graça que significam, ou que, aos que não põem obstáculos, não conferem essa graça, como se fossem somente sinais externos da graça ou da justiça recebida pela fé e distintivos da profissão cristã, pelos quais os homens distinguem os fiéis dos infiéis: seja anátema (DH 1606).

Se alguém disser que esses sacramentos da Nova Lei não conferem a graça pela própria realização do ato, mas que basta só a fé na promessa divina para obter a graça: seja anátema (DH 1608).

Por crerem que a graça provém unicamente da fé nas promessas divinas, e não do ato sacramental em si mesmo, os protestantes costumam acusar os católicos de realizarmos “mágica”, como se atribuíssemos aos sacramentos o mesmo poder que, em alguns cultos e práticas pagãs, se atribui a fórmulas e gestos especiais.

Contudo, é substancial a diferença entre os sacramentos e aquilo a que se costuma chamar “magia”. Enquanto a mágica consiste num ritual secreto, por cujas fórmulas o homem busca dominar o “sobrenatural” ou as “forças cósmicas” em benefício próprio, os sacramentos são de instituição divina, isto é, foram estabelecidos em seus elementos essenciais como instrumentos necessários à salvação. Se a magia, por um lado, pretende pôr o “divino” ou “sobrenatural” a serviço do homem, os sacramentos põem-no em situação de humilde obediência à economia salvífica de Deus.

Além disso, o fato de a graça ser concedida nos sacramentos pela própria realização do ato não significa, como pensam os protestantes, que a santidade seja um efeito mágico e instantâneo, porque está nas mãos de quem os recebe pôr ou não empecilhos à graça, dispor-se com mais ou menos fervor à recepção dos sagrados Mistérios, como dito anteriormente.

Mas a que se devem, em última análise, esses desvios do protestantismo? Ora, os protestantes terminaram por rebaixar a dignidade dos sacramentos ou até mesmo a negar-lhes eficácia, justamente por negarem o sacerdócio ministerial. De fato, com exceção do Batismo, que pode ser ministrado por qualquer pessoa, e do Matrimônio, cujos ministros são os próprios nubentes, todos os demais sacramentos dependem de sacerdotes ordenados para ser ministrados. É por isso que, na situação atual, uma alma verdadeiramente católica há de desejar profundamente o contato com um padre, para receber de suas mãos ungidas os sacramentos.

Nós precisamos configurar o nosso coração ao de Jesus, que nos diz: “Com grande desejo, desejei celebrar esta Páscoa convosco” (Lc 22, 15), Magno desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum. Nosso Senhor deseja ardentemente estar unido a nós nos sacramentos. E essa união só é possível por meio de sacerdotes ordenados.

Infelizmente, num esforço de ignorar que vivemos uma situação dramática, alguns acabam negando a própria natureza do sacerdócio católico. É estarrecedor, por exemplo, que um padre, durante uma transmissão online da Missa, peça aos fiéis que coloquem pão e vinho na frente do televisor para serem “consagrados” e consumidos como se fôram um sacramento. Tal prática, tão esdrúxula quanto absurda, se não for fruto de ignorância invencível, resulta de uma malícia abominável e constitui uma heresia insuportável.

Em vez de consolações ilusórias, devemos buscar soluções concretas e  fundamentadas na verdade. Padres e bispos, cientes dos desejos e carências de tantos corações católicos, têm o grave dever, na medida do possível e em função das circunstâncias de cada lugar, de buscar os meios canônicos cabíveis para restabelecer a distribuição prudente dos sacramentos, sem desrespeitar as medidas de prevenção e segurança sanitária. O atendimento de confissões, por exemplo, poderia ser retomado ao ar livre, conforme as condições de cada paróquia, com o devido distanciamento entre sacerdote e penitente, providos de máscaras sanitárias. Também a Comunhão poderia ser distribuída em frente às igrejas, como forma de evitar aglomerações no interior, guardando sempre a distância mínima entre os comungantes e observando as normas de higienização das mãos.

Esta pandemia nos deu a ocasião de adequar a nossa visão sobre os sacramentos à fé de sempre da Igreja. Se, por ignorância ou má formação, desconhecemos a doutrina católica sobre os sacramentos, é essa a oportunidade para preenchermos esta lacuna estudando, por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica (§ 1084), que a este respeito nos ensina: “Os sacramentos são sinais visíveis (palavras e ações) acessíveis à nossa humanidade e realizam eficazmente a graça que significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo”. Como católicos, temos de crer na eficácia objetiva dos sacramentos, à qual se referiu Santo Agostinho de forma belíssima ao afirmar: “Accedit verbum ad elementum, et fit Sacramentum — une-se a palavra ao elemento, e acontece o sacramento” (§ 1228) [1].

Para os sacerdotes, de modo especial, esse é um momento favorável para renovar a fé no próprio ministério e nos sacramentos, principalmente na Eucaristia e na Penitência, tão importantes para a vida de santidade. Quanto aos fiéis leigos, também é oportuno renovar a fé nos sacramentos e fazer um sincero ato de contrição pelas vezes que foram recebidos sem a devida reverência ou disposição.

Conhecendo assim a verdadeira fé católica, deixemo-nos ser movidos e transformados por ela. Que esse momento dramático na história da Igreja não seja para nós ocasião de queda, mas de recolhimento interior, de exame de vida e renovação de nossos compromissos batismais. Como São João, o discípulo amado, inclinemos nossa cabeça sobre o sacratíssimo Coração de Nosso Senhor, do qual manaram a água do Batismo e o sangue da Eucaristia, e desejemos ardentemente nos unir a Ele através dos sacramentos.

Notas

  1. Errata: no vídeo, Padre Paulo Ricardo afirma, por equívoco, que a citação de Santo Agostinho encontra-se no n. 1128 do Catecismo.
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