CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio

Texto do episódio

imprimir

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 2, 23-28)

Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”

Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.

E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

No Evangelho de hoje, Jesus nos coloca em uma controvérsia a respeito do sábado. Ao passarem por um campo de trigo, os seus discípulos colhem algumas espigas, e por isso perguntam os fariseus: “Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?” (v. 24). Jesus então lhes diz que Ele, o Filho do Homem, é Senhor também do sábado (cf. v. 28). Que isso quer dizer? Em primeiro lugar, é preciso entender o que é o preceito do sábado. Não se trata de um preceito meramente formal, cujo centro seja o não trabalhar. Não. Na verdade, o sábado é uma espécie de “dízimo” que Deus pede do nosso tempo. De fato, é parte da natureza das coisas que o homem dedique um tempo a Deus, à oração. Essa é a substância, a essência do preceito do sábado. A essência do preceito, portanto, não está em cessar o trabalho, mas no estar com Deus e dedicar-lhe tempo. Isso é o fundamental. Ora, acontece que, ao longo dos séculos, o que era um preceito divino para que o homem tivesse um tempo na presença de Deus tornou-se um formalismo jurídico, isto é, um “moralismo”. É por isso que os judeus observavam minuciosamente os menores gestos para não trabalhar no sábado, mas sem viver a essência, a verdade do sábado, ou seja, o fato de que o sábado foi instituído para o homem amar a Deus e estar mais unido a Ele. Jesus mostra, pois, a hipocrisia dos judeus e como eles acabavam criando dois pesos e duas medidas: por um lado, condenam-lhe os discípulos por colherem restos de espigas em dia de sábado, ainda que por necessidade de alimentar-se; por outro, não se dão conta de que estas exceções já existiam no Antigo Testamento, como se vê pelo exemplo do sacerdote Abiatar (cf. v. 25s). Não é a formalidade jurídica, mas a coisa, a res, o que devemos buscar quando abraçamos os Mandamentos de Deus. Ora, todos os dez Mandamentos revelados por Deus a Moisés estão na natureza mesma das coisas. Mesmo que Deus não lhos tivesse revelado, nós, com a nossa inteligência, se não fôssemos tão maus e depravados, teríamos sido capazes de os descobrir à luz natural da razão. Vendo porém que nos encontrávamos em situação de perversão, já que o pecado nos obnubila a inteligência e impede que raciocinemos direito, Deus, por misericórdia e compaixão, quis revelar-nos a Lei, para que a pudéssemos enxergar. Ora, um dos artigos da Lei é o preceito básico e fundamental: é necessário dedicar um tempo a Deus, ao culto divino, à oração. Por quê? Porque é necessário amar a Deus como a um amigo de fato. Por isso, a nossa santa religião não consiste numa série de preceitos morais esmagadores. Não. Os preceitos existem, sim, mas para criar em nós o espaço de liberdade sem o qual não podemos amar. Cessar os trabalhos para se dedicar à oração é uma libertação; é estar livre para dedicar um tempo a Deus. Eis a essência do sábado. Jesus é Senhor também do sábado porque é Ele a razão de cessarmos nossos trabalhos para estar com Deus.

Material para Download
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.