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Os sofrimentos à luz da Cruz

Nestes primeiros passos da Quaresma, a Liturgia de hoje nos revela o Mistério Pascal como a razão de ser destes quarenta dias de penitência: "O Filho do Homem", diz Jesus, "deve sofrer muito", pois a cruz, abraçada com amor pelo próprio Deus, é a vocação irrenunciável dos que desejam seguir a Cristo. Assista à homilia de hoje...

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
9, 22-25)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia".

Depois Jesus disse a todos: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.

Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?"

Logo no início desta caminhada quaresmal, o Evangelista São Lucas nos relata o primeiro anúncio da Paixão de Nosso Senhor, feito pouco depois da profissão de São Pedro. É curioso notar a proximidade desses dois eventos. A própria estrutura narrativa do Evangelho, a ordem em que os fatos são narrados, a maravilhosa harmonia com que Cristo vai conduzindo a história e fazendo as liberdades humanas concorrerem para a realização de sua missão e a transmissão de sua mensagem — tudo isto já nos desperta para o fato de que é somente à luz da fé, professada hoje por Simão, que podemos compreender o sofrimento de Cristo na cruz.

É pela fé em Jesus, escarnecido e rejeitado pelos que eram seus, que podemos chegar a divisar o sentido profundo que têm os sofrimentos humanos, — tão profundo e, de resto, tão valioso que nem o próprio Deus quis furtar-se de os sentir numa carne em tudo igual à nossa. Não é por acaso, portanto, que à confissão de Pedro suceda o prenuncio das dores por que o Verbo eterno do Pai ainda haveria de passar: "O Filho do Homem deve sofrer muito", diz Jesus, "ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia".

"Deve sofrer". Estas palavras, saídas da própria Palavra de Deus, por si sós nos revelam uma verdade que o mesmo Cristo confirma logo em seguida: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me." Não é a cruz uma opção, uma alternativa entra outras tantas. É a regra. "Se alguém quiser me seguir", diz-nos o Senhor, "saiba que subo a Jerusalém para ser crucificado. Se quereis, pois, ser meus discípulos, se quereis seguir meus passos, façais como Eu: tomai cada a um a sua cruz e ide em direção às dores que trazem alegria, à morte que faz nascer para uma nova vida". Que é, afinal, ser cristão, senão ser outro Cristo? senão viver a mesma vida de Cristo? senão dar os mesmos passos que Cristo? senão abraçar o sofrimento assim como fizera o mesmo Cristo?

Já no início desta Quaresma a Liturgia nos desvenda o mistério pascal que permeia todos estes quarenta dias de penitência. A nossa vida cristã deve ser, sim, uma constante "paixão", um incessante "morrer para si mesmo", um generoso "perder a vida" por causa de Jesus. Que o Senhor nos livre de toda indolência e nos cure daquela péssima tendência a viver um "cristianismo analgésico", em que a dor e o sofrimento não têm lugar. Abracemos, por amor a Cristo, todas as dores, todas as contrariedades que a suave mão de Deus decidir enviar-nos. Pois de nada nos vale fugir das cruzes do mundo, a fim de termos ainda neste desterro uma porca e pobre consolação, e, no fim, perdermos a chance de, configurados ao Cristo que sofre, conquistarmos os prêmios celestes.

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