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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11,1-4)

Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’”.

O Evangelho de hoje é o Pai-nosso segundo a versão do evangelista São Lucas, a qual, estranhamente, não é “Pai nosso”, mas simplesmente “Pai”. É assim que Jesus ensina os seus discípulos a rezar. Existem algumas nuances — coisas bem interessantes — com relação à versão de São Lucas. Quando Deus nos dá vários Evangelhos diferentes, com variações, é porque Ele quer que nós aprendamos aspectos diferentes daquela mesma verdade.

Em primeiríssimo lugar, São Lucas é o evangelista da oração. Jesus estava rezando, então os discípulos, vendo-o rezar, como reação a Jesus que reza, pedem-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou aos seus discípulos”. Jesus então lhes ensina.

É interessante entendermos que é realmente importante aprender a rezar. Se alguém dissesse: “Fale russo” ou “Fale japonês”, você iria dizer: “Ninguém me ensinou! Eu não sei falar essas línguas”. A mesma coisa com relação à oração. A oração precisa ser aprendida porque nós precisamos entrar na linguagem de Deus. Jesus, aqui, nos coloca em cheio nessa realidade: chamar a Deus de Pai! Chamar a Deus de Pai, para nós cristãos, é algo com uma densidade muito grande.

Por quê? Porque não se trata simplesmente de dizer que Deus é nosso Pai metaforicamente. As outras religiões podem chamar a um deus de pai. Os gregos podiam chamar Zeus de pai, ou [os romanos] Júpiter de pai, mas é simplesmente por metáfora, pois eles sabiam que não eram filhos. Nós sabemos que Jesus é Filho, e é Filho de Deus porque “consubstancial ao Pai”, é da mesma natureza que o Pai, assim como o seu filho é da sua mesma natureza, ou o filho de um animal é da mesma natureza daquele animal.

Jesus é Deus porque Ele, segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é da mesma natureza de Deus, vive na intimidade de Deus Pai e, portanto, pode dizer: “Pai, Abba”. Ora, ao nos ensinar a rezar, Jesus está nos introduzindo na intimidade de Deus, ou seja, numa realidade sobrenatural, numa realidade em que, lá no Céu, o Pai ama o Filho, e o amor deste Pai pelo Filho e o do Filho pelo Pai é, consequentemente, o Espírito Santo.

Nós entramos nessa felicidade trinitária, nós entramos na realidade trinitária, mas como nós podemos entrar? O próprio Jesus o disse: “Eu sou o caminho”. Jesus é a porta que nos conduz porque, se nós estivermos unidos a esta divina Pessoa, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem igual a nós, consubstancial a nós — Ele se fez filho de Maria, ou seja, Filho de homem; Ele, o Filho de Deus, se fez Filho de homem —, então agora, unidos a Ele pelo Espírito Santo, podemos chamar a Deus de Pai.

Isso é fantástico, isso é grandioso! Nós somos filhos no Filho, Jesus. Isso é algo muito profundo porque, enquanto as outras religiões podem chamar a Deus de Pai por metáfora; nós podemos chamar a Deus de Pai pela graça. Jesus chama a Deus de Pai por natureza, nós chamamos a Deus de Pai porque recebemos a graça de sermos filhos. Não fomos gerados nem pela vontade da carne, nem pelo sangue; nós nascemos de Deus: Ex Deo nati sunt, como diz o prólogo de São João. Essa é a graça que nós recebemos do seu Filho, Jesus.

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