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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 12,1-11)


Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.
Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.
Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

Iniciamos o tempo da Semana Santa, tempo especialíssimo de penitência porque, enquanto Jesus padece, a Igreja se compadece. Já desde o terceiro século, temos notícia de que esta semana é celebrada pela Igreja de forma muito especial.

São Dionísio de Alexandria, no ano 250, mais ou menos, ainda durante as perseguições de Diocleciano, fala do apreço com que os cristãos acompanhavam a última semana de Cristo na terra. Essa semana é chamada por São João Crisóstomo de “a Grande Semana”. Ela já foi nomeada com vários “apelidos”, por assim dizer.

Nós, atualmente, a chamamos de Semana Santa, mas ela já foi chamada de “Semana da indulgência”, porque recebemos o perdão dos nossos pecados pela Paixão de Cristo; e “Semana Penosa” (em latim, hebdomada pœnosa), ou seja, semana de dor e de penitência.

Se até ontem vivemos os 40 dias de Jesus no deserto, agora vivemos a sua última semana na terra. Então, ainda não se encerrou o tempo da penitência. Nós agora devemos intensificá-la, o que quer dizer o seguinte: se você viveu na Quaresma alguma penitência, agora é tempo de realmente tomarmos essa penitência como meio de configuração ao Cristo que morre na Cruz e se entrega por nós.

Deveríamos viver essa última semana de Cristo na terra como uma espécie de “retiro”. Quando o mundo era mais católico, os príncipes, os reis e os governantes decretavam que essa Semana era uma semana sem trabalho. A Igreja realmente entrava em retiro. Durante uma semana toda, a cristandade cessava para se unir ao Salvador. Por isso, embora não tenhamos leis que nos facilitem a vida, devemos procurar, pelos menos, nos retirar e nos recolher.

O Evangelho de hoje diz que, seis dias antes da Páscoa, Maria, num ato de generosidade, movida pelo Espírito Santo derrama bálsamo abundante nos pés de Cristo como que a ungi-lo para a sua sepultura. Sim, Maria amava Jesus e não queria que Ele morresse; mas, movida pelo Espírito Santo, realizou um ato de carinho, de amor e de generosidade que terminou sendo uma profecia.

Jesus, que tudo sabe, revela e desvenda o mistério, isto é, dá o significado do gesto de Maria (talvez nem mesmo Maria se desse conta do que estava fazendo): “Ela está me ungindo”, ou seja, “me preparando para a sepultura”. E de fato será assim, porque Jesus será descido da Cruz às pressas, sem o tempo para o devido embalsamamento, e será colocado no túmulo. Por isso, as mulheres, na manhã de Páscoa, irão retornar ao túmulo para tentar completar os procedimentos de sepultamento.

A generosidade de Maria com o seu bálsamo fala-nos da generosidade com que precisamos entregar-nos a Deus. Nesses dias de Semana Santa, sejamos generosos com Ele, sejamos abundantes em nossas orações e penitências, porque precisamos tomar impulso, uma espécie de “trampolim espiritual”, para que nos entreguemos por inteiro, Maria entrega todo o seu perfume. É um sinal de que também nós precisamos entregar tudo, absolutamente tudo, por Jesus.

Unamo-nos a Ele. Se Ele entregou tudo por nós, como não vamos nós entregar tudo por Ele? Como não amar de volta a quem nos amou assim? Vivamos este tempo maravilhoso da Semana Santa, tempo em que Deus feito homem padece e a Igreja se compadece. Que a sua semana seja verdadeiramente santa!

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