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Sem os Mandamentos, não reconhecemos a Cristo

“Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes’”.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 16-19)

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: “Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ Veio João, que nem come e nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras.”

Celebramos hoje, com grande alegria, a memória de Santa Luzia, virgem e mártir, e, preparando-nos para o Natal do Senhor, o Evangelho de hoje nos recorda como Deus preparou a vinda de seu Filho ao longo dos séculos, através do Antigo Testamento. 

O Evangelho nos fala de um contraste entre João Batista e Jesus. João Batista fazia penitência, mas diziam que ele estava possesso; Jesus comia e bebia, e diziam que era um comilão e beberrão. O povo não estava disposto a receber nenhum dos dois. O mesmo acontece com os cristãos: se eles não passam primeiro pelo Antigo Testamento, também não aceitam Cristo no Novo. Por isso, ao prepararmos a vinda de Jesus, a Igreja precede a festa do Natal do Senhor por um tempo de “Antigo Testamento”, de penitência. É o Advento. 

Precisamos passar por esse período, porque é necessário obedecer às leis de Deus presentes na Criação. Quando Deus revelou a Moisés, no Monte Sinai, os Dez Mandamentos, Ele mostrou leis que estão inscritas no próprio ser das coisas. Essas leis não foram abolidas por Jesus, uma vez que abolir os Dez Mandamentos seria o equivalente a abolir aquilo que está no ser íntimo das coisas. Ora, se não estamos dispostos a obedecer a essas leis, como poderemos obedecer ao que Deus vai revelar em Jesus Cristo? 

Para o compreendermos melhor, peguemos dos Mandamentos uma lei que fala do próximo: “Honrar pai e mãe”. Que cultura humana não entende que a criança deve, para o seu próprio bem, obedecer ao seu pai e à sua mãe? Não é possível que os seres humanos sejam educados fora de uma realidade chamada família. — “Não matar”. Que cultura não enxerga que matar o inocente é algo absurdo? — “Não pecar contra a castidade”. Qual cultura não enxerga que é preciso pôr limites no uso do sexo? — “Não furtar”. Que cultura não entende que o uso das coisas materiais precisa ser limitado diante daquilo que é o justo? Unicuique suum, a cada um o que lhe é devido. Se passarmos por todos os Mandamentos, iremos encontrar neles alguma racionalidade inscrita no ser das coisas. 

Não existe decreto de qualquer autoridade humana que possa abolir essas leis. Ainda que o Congresso Nacional quisesse erradicar as leis da física, elas obviamente continuariam funcionando. Da mesma forma, os Dez Mandamentos vão continuar existindo, mesmo se forem criadas leis descriminalizando, por exemplo, o assassinato de crianças no ventre de suas mães.

Um ser humano que não está disposto humildemente a aceitar que existe um bem inscrito no ser das coisas não consegue reconhecer Jesus, ao se encontrar com Ele, pois a atitude de uma pessoa que deseja determinar o bem e o mal é certamente satânica. Portanto, ao nos prepararmos para a vinda de Jesus, precisamos primeiro entender que devemos pôr ordem na nossa vida, seguir os Dez Mandamentos da Lei de Deus, pedir perdão, procurar o confessionário e começar uma nova vida em Cristo, para que os nossos corações estejam prontos para receber o Senhor que vem.

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