Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 25-30)
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: "Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".
Tributar hoje, com toda a Santa Igreja, um culto de amor e devoção ao Sagrado Coração de Jesus não é mais do que render as devidas graças ao Filho de Deus pela caridade infinita que, representada neste símbolo natural que é o coração humano, Ele manifestou por nós ao longo de toda a sua missão redentora, "um mistério de amor [...] da parte de Cristo para com o Pai e [...] da augusta Trindade e do divino Redentor para com a humanidade inteira" (Pio XII, Encíclica "Haurietis Aquas", n. 20). Com efeito, sob a imagem expressiva deste Sacratíssimo Coração, ao qual adoramos no sentido forte da palavra, reconhecemos a insondável e superabundante capacidade que tem Nosso Senhor de amar com um amor ao mesmo tempo divino, por encontrar-se o seu Coração unido hipostaticamente ao Verbo, espiritual, como convém a Deus (cf. Jo 4, 24), e também sensível, capaz de sofrer e ser ferido por aqueles a quem ama. Assumindo, pois, um corpo físico e real, o Verbo de Deus quis para si um coração de carne "em tudo semelhante ao nosso" (Pio XII, op. cit., n. 21) que pudesse, efetivamente, palpitar de um amor tão puro e intenso que O levasse ao "escândalo" e à "loucura" (cf. 1Cor 1, 23) de oferecer-se em sacrifício — em caridoso holocausto —, a fim de levar a cabo a obra da nossa salvação.
Não apenas no Calvário, mas durante toda a sua vida na terra, o Coração Sacratíssimo de Nosso Senhor, prestando ao Pai um verdadeiro e digno culto de amor e adoração, ofereceu no altar de sua Alma puríssima todos os seus afetos, sentimentos e emoções sensíveis para ali serem incendiados pelo fogo abrasador do Espírito Santo. Ora, esta sua caridade inexaurível, que O faz arder por todos nós, espera agora ser correspondida e desagravada de a toda indiferença e desprezo com que lhe pagamos. E para cumprirmos esse gravíssimo dever, que nos impele ainda mais nestes tempos em que o amor divino é tão esquecido quanto injuriado, recorramos hoje ao Imaculado Coração de Maria, que correspondeu plenamente à doçura que fez Deus fazer-se homem. Assim como Maria Santíssima não teve um coração próprio, pois o seu pertencia por inteiro ao Filho a quem deu a carne, assim também nós, meditando neste dia os mistérios encerrados no Coração de Cristo, entreguemos ao Senhor tudo o que somos e possuímos, para que Ele faça o nosso coração de pedra arder com o mesmo ardor que O fez entregar-se por nós.
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