Na aula passada, começamos a explorar a saga da formação do cânon da Bíblia. Agora, vamos nos concentrar inicialmente no cânon do Novo Testamento. Por quê? Ora, porque é uma tarefa mais simples. Já o Antigo Testamento, podemos dizer, tem um caráter mais epopeico. O Novo Testamento, conhecido em grego como “Καινή Διαθήκη” — Kainé Diathéke —, é composto por 27 livros; e isso é algo que hoje é unanimemente reconhecido por todas as igrejas cristãs — católicos, ortodoxos e protestantes. No entanto, como veremos, nem sempre foi assim.
A título de exemplo, temos a Edição Nestle-Aland que reúne os textos originais do Novo Testamento em grego, como os Evangelhos e as Cartas de São Paulo. Essa edição conta com um aparato crítico, ou seja, o texto principal acompanhado de notas explicativas que indicam as variações entre os manuscritos. Por exemplo, no Evangelho de São João, capítulo 20 e versículo 28, alguns manuscritos incluem a conjunção “e” (kai), enquanto outros não. Os principais manuscritos, como o Código Sinaítico e o Código do Vaticano, não trazem o “e”. Esse estudo detalhado dos manuscritos permite identificar possíveis erros de cópia e fundamenta as traduções que...