Estamos na terceira aula do nosso curso “Como Ler a Bíblia”, e, como vimos, a história da Sagrada Escritura é uma verdadeira saga. Na última aula, falamos sobre a formação do Cânon do Novo Testamento, ou seja, a lista dos 27 livros que o compõem. Esse processo é mais tranquilo e sereno, por assim dizer, porque há certa unanimidade entre os cristãos. Ou seja, hoje em dia, não há cristão algum — católico, protestante ou ortodoxo — que não aceite esses 27 livros.
Entretanto, essa realidade nem sempre foi consenso. No início, houve quem questionou os atuais livros do Cânon, como no caso de Marcião, um herege gnóstico que acreditava que o Deus do Antigo Testamento era diferente do Deus verdadeiro, revelado em Jesus Cristo. Por isso, rejeitava completamente os livros do Antigo Testamento. Ademais, como considerava que os Evangelhos estavam “contaminados” por influências do Antigo Testamento, criou sua própria versão das Escrituras, expurgada dessas influências, e aceitou apenas as Cartas de São Paulo, mas de forma bastante censurada. Assim, o cânon de Marcião ficou extremamente reduzido, limitado ao Evangelho de São Lucas, modificado, e às Cartas de São Paulo. Porém,...











