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Homilia Dominical
9 Set 2017 - 25:49

A correção fraterna de quem ama

Os ensinamentos de Jesus não são “normas de etiqueta” para o comportamento em público, mas preceitos para o verdadeiro amor ao próximo. Por isso, o motivo da correção fraterna, que Nosso Senhor ensina no Evangelho deste domingo, deve ser sempre o desejo de levar os outros para o Céu.
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Homilia Dominical - 9 Set 2017 - 25:49

A correção fraterna de quem ama

Os ensinamentos de Jesus não são “normas de etiqueta” para o comportamento em público, mas preceitos para o verdadeiro amor ao próximo. Por isso, o motivo da correção fraterna, que Nosso Senhor ensina no Evangelho deste domingo, deve ser sempre o desejo de levar os outros para o Céu.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt
18, 15-20)

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: "Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles".

Depois de ter entregado as chaves do Céu a Pedro e manifestado sobre que fé a Igreja deveria estar edificada, Jesus aparece no Evangelho deste domingo indicando as normas para a reta conduta dos fiéis em caso de desentendimento entre eles. E, como não poderia deixar de ser, é a virtude da caridade o centro das normas ditadas por Cristo.

Jesus ensina aos seus discípulos sobre a necessidade da correção fraterna, em cuja aplicação podem ocorrer três etapas: uma a sós com a pessoa culpada; outra com a presença de algumas testemunhas; e, finalmente, a etapa mais formal, que exige a intervenção da Igreja por meio do Magistério. Essa última passou por desenvolvimentos ao longo da história da Igreja até que se formasse a norma canônica da excomunhão, uma pena imposta aos fiéis impenitentes, cujos erros podem acabar danificando toda a grei de Cristo.

A regra da correção fraterna é, obviamente, o amor. Em um de seus sermões (n. 82), Santo Agostinho diz que, antes de qualquer correção ao irmão, é preciso examinar por que aquela correção é necessária. Se se trata apenas de uma satisfação própria pela injúria sofrida, então, explica Santo Agostinho, essa correção não é boa obra. Se, todavia, a correção visa ganhar aquela alma para Cristo, nesse caso se trata de boa obra e dever indeclinável. As normas de Jesus não são normas de etiqueta para o comportamento em público, mas preceitos para o verdadeiro amor ao próximo. O motor de cada ação humana precisa ser a misericórdia.

Na primeira leitura, Deus esclarece essa relação entre atenção ao próximo e amor por meio do profeta Ezequiel:

Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome. Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e tu não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por própria culpa, mas eu te pedirei contas da sua morte. Mas, se advertires o ímpio a respeito de sua conduta, para que se arrependa, e ele não se arrepender, o ímpio morrerá por própria culpa, porém, tu salvarás a tua vida (33, 7-9).

Há uma regra de vida para os cristãos, que é a de sempre procurar a salvação das almas, sobretudo daquelas que correm mais perigo de ir para o inferno. Amar significa desejar levar as pessoas para o Céu.

Mas, afinal, como alguém pode salvar uma alma de cair no inferno?

É preciso, em primeiro lugar, ser pescador de homens. Jesus dá o exemplo seguinte: se alguém sofre uma injúria, a correção deve ser discreta, apenas entre as duas pessoas envolvidas. Não pode acontecer escândalo, pois o intuito da correção é trazer o "agressor" de volta para Deus, não o afastar ainda mais. É como a reação da mulher traída que, em vez de cobrar desculpas do marido pela traição sofrida, vai à Igreja e pede ao padre que o atenda em confissão. Ela entende que a ofensa maior não foi a ela, mas a Deus. Trata-se da arte da pesca sem espantar o peixe.

No caso de resistência, então Jesus manda apelar para a fraqueza da pessoa, fazendo-a envergonhar-se na frente de algumas testemunhas. Mas se, ainda assim, o culpado permanecer com o coração duro, como permaneceu o faraó, deve-se procurar a autoridade da Igreja.

Jesus recorda a autoridade da Igreja pelo seu poder de ligar e desligar, isto é, o poder das chaves de São Pedro. Jesus recorda esse poder para que ninguém se atreva a dizer: "Temo a Deus, mas não à Igreja". Ora, a Igreja tem o poder divino de ligar e desligar exatamente porque está na presença de Cristo, o qual ilumina o Magistério do Papa e dos Bispos em comunhão com ele.

Em suma, o motivo da correção fraterna deve ser sempre o desejo de levar os outros para o Céu, esteja essa correção em qualquer um dos estágios apresentados anteriormente. A Igreja, nos passos de seu Divino Esposo, preocupa-se com a pessoa humana até o fim, porque em tudo deve estar o amor.

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