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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 6-11)

Aconteceu num dia de sábado que Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. Os mestres da Lei e os fariseus o observavam, para ver se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?”

Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

Ao curar num dia de sábado o homem da mão seca, recrudescem ainda mais os desentendimentos entre Cristo e os chefes do povo, que começam hoje a “discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus”. O motivo desta inimizade que os fariseus vão a pouco e pouco alimentando se deve à aparente desobediência do Senhor a certas normas da lei mosaica. Como já pudemos refletir em várias outras ocasiões, Deus quis estabelecer para o povo de Israel um conjunto de preceitos que lhe preparasse o coração para a vinda do Messias prometido. No entanto, à parte os Mandamentos contidos no Decálogo, que são de lei natural, quase todas as demais prescrições da lei judaica eram de índole jurídico-ritual e, portanto, reformável e transitória: o seu fim não era outro senão dispor convenientemente os israelitas para receber, no momento oportuno, a graça que lhes viria por Cristo, graça sem a qual somos todos absolutamente incapazes de amar a Deus como Ele quer ser amado, mesmo que nos creiamos gente muito religiosa e “regrada”, obediente aos mais mínimos deveres — ao pagamento do dízimo da hortelã, do endro e do cominho (cf. Mt 23, 23). Sem a graça, com efeito, até podemos amar, mas com um amor meramente natural, misturado com muito egoísmo e, além disso, sem forças para perseverar por muito tempo. Só com o auxílio divino podemos amar a Deus com um amor sobrenatural e de amizade, com todo o nosso coração, com todo o nosso entendimento, com toda a nossa alma, com todo o nosso ser. Sem Jesus, por conseguinte, não passamos de outros tantos homens de mão seca, incapazes de doar-se e entregar-se por caridade. Estendamos hoje ao Senhor a nossa mão ressequida; peçamos a Ele, em quem a antiga lei teve pleno cumprimento, que nos ponha agora e para sempre sob amparo de uma nova lei — a lei da graça, insculpida pelo Espírito em nossas almas qual um selo que o Pai se alegrará em olhar, recordando-se de que somos filhos seus, necessitados do seu cuidado e da sua atenção contínua. Não deixemos, enfim, de cumprir nossos deveres nem abandonemos nossas práticas habituais de piedade; só tomemos o cuidado de não pensar, à semelhança dos fariseus, que é o cumprimento mecânico e rotineiro de umas quantas “normas” o que nos fará santos, porque só Deus, por graça e iniciativa própria, é capaz de o fazer.

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