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A grande mestra da vida espiritual

“Comecei, de passatempo em passatempo, a meter-me tanto em mui grandes ocasiões e a andar a minha alma tão estragada em vaidades, que já tinha vergonha, em tão particular amizade como é tratar de oração, de me tornar a chegar a Deus”.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12,8-12)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me renegar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.

Celebramos hoje Santa Teresa de Jesus, virgem e Doutora da Igreja. O que nós podemos aprender desta grande mestre e Doutor da Igreja? Bom, como todos os Doutores da Igreja são uma enciclopédia, eu gostaria de trazer hoje um pequeno ponto, para nós olharmos de perto essa figura, essa pessoa fantástica que foi Santa Teresa de Jesus. Santa Teresa viveu numa época em que as carmelitas não sabiam rezar. É claro, rezavam, faziam seus ofícios comuns, Missas, celebrações, devoções, mas não sabiam rezar como ela, depois, iria nos ensinar a rezar.

Qual é a oração que Santa Teresa nos ensina? Ela diz: “É um relacionamento de amizade com alguém que sabemos que nos ama”. A partir desta realidade, nós vemos o grande legado de Teresa como mestre da oração. Santa Teresa entrou num Carmelo que não rezava; mas Deus, na sua Providência, permitiu que ela ficasse doente. Neste caminho de doença, ela recebeu um livro, o “Terceiro abecedário”, do Frei Francisco de Osuna. Ali, aprendeu a se recolher, aprendeu a rezar. Na doença, não podia participar das atividades da comunidade, mas foi crescendo na vida de oração, crescendo na vida de amizade com Jesus.

Apesar disso, levou 20 anos — sim, somente lá pelos seus 39, 40 anos de idade — para que Santa Teresa finalmente conseguisse passar a “porta estreita” daquelas pessoas que alcançaram um progresso maior na vida de oração e que, portanto, já têm certo grau de santidade. Ela então, dali para a frente, começou a dar passos de gigante, a progredir no amor e a progredir na oração, até que, finalmente, entrou na Sétima Morada.

Na Sétima Morada, recebeu um mandato a ser cumprido na obediência: “Teresa, você tem de escrever sobre oração”. Ela não sabia o que fazer. “Ah, já escrevi tanta coisa. O que vou escrever sobre oração?”. Ela, então, tem a visão de uma alma em todo o seu itinerário de oração, como a pessoa vai progredindo no amor, na caridade e na oração, até finalmente chegar ao matrimônio espiritual com Jesus, àquilo que nós chamamos de Sétimas Moradas.

Chegando a essa perfeita união, o que ela pode nos ensinar como mestre, como quem realmente experimentou o caminho? Santa Teresa nos ensina aquilo que é a essência do cristianismo: se você quer amar Jesus e ter uma vida de amizade com Ele, precisa da graça, e a graça só se alcança por meio da vida de oração.

É impressionante que, ao mesmo tempo que Teresa descobriu isso — a vida de amizade com Jesus que transforma inteiramente e leva a um perfeito matrimônio com Cristo —, do outro lado da Europa, Lutero fazia tudo ao contrário: ele deixou de crer na transformação espiritual, deixou de crer na verdadeira santidade, deixou de crer na verdadeira união matrimonial com Cristo, transformando o cristianismo numa coisa vazia por dentro. Porque, na visão dele, nós seremos salvos, sim, mas por um ‘decreto’: se você tem fé, Deus lhe imputa a santidade, que você não tem, mas faz de conta que você é santo, deixando-o entrar no Céu.

Santa Teresa foi mestre providencial num momento oportuno, em que a Europa e o mundo inteiro precisavam de alguém que ensinasse a verdadeira santidade, ou seja, o amor que quer se unir a Cristo, essência do verdadeiro cristianismo. Não vamos deixar, então, de crer no amor. A forma de ter o amor divino que vem do Céu são atos de fé, que se realizam na vida de oração. Você vai realizando atos de fé e de amor na vida de oração e vai se transformando por dentro.

Eis aí o ensinamento de Teresa, portanto aí está a verdadeira salvação que vem da fé, uma fé que transforma e faz com que tenhamos um coração abrasado de amor a Cristo, Deus de amor, porque “amor com amor se paga”.

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