Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 8,1-10)
Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinha o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer. Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”.
Os discípulos disseram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?” Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”.
Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que o distribuíssem. E eles os distribuíram ao povo.
Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu. Subindo logo na barca com seus discípulos, Jesus foi para a região de Dalmanuta.
Neste dia 11 de fevereiro, que coincidentemente, esse ano, cai num sábado, dia especialíssimo de Nossa Senhora, queremos recordar a aparição de Nossa Senhora em Lourdes. Nossa Senhora se apresenta a Santa Bernardete Soubirous dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”, e o Evangelho que proclamamos hoje é o da multiplicação dos pães.
Gostaria de aprofundar um pouco este Evangelho e depois iluminar o mistério de Nossa Senhora de Lourdes com a conclusão que iremos tirar. Em primeiro lugar, compreendamos o seguinte. Somos um povo que caminha no deserto. Se formos deixados a nós mesmos, morreremos de fome. Precisamos de alimento, precisamos que Nosso Senhor multiplique o pão para nós.
Esse é o contexto da multiplicação dos pães. Jesus vê essas pessoas que estão buscando a Deus: “Buscai primeiro o reino de Deus”, mas essas pessoas que buscam Jesus precisam ser sustentadas. Jesus vê com grande sensibilidade a dificuldade daquelas pessoas, que, se forem mandadas para casa, irão desfalecer no caminho.
Agora, apliquemos isso a nós. Precisamos sempre de um alimento espiritual. Esse alimento espiritual nós o encontramos, é evidente, na Eucaristia. A multiplicação dos pães é claramente um milagre que aponta para a instituição da Eucaristia, mas não somente. Santo Inácio de Antioquia, em uma de suas famosas cartas, a carta aos habitantes da Trália, diz que “o corpo de Cristo é a fé”.
Ao dizer isso, Santo Inácio nos está ensinando que quando nós, durante o dia, realizamos atos de fé, nos unimos a Deus e procuramos Cristo em nós fazendo um ato de fé, acontece uma refeição espiritual semelhante à que acontece quando comungamos bem.
Nós, que caminhamos neste mundo, estamos aqui e precisamos atravessar a grande distância que nos separa do céu. Precisamos de um alimento diário, precisamos verdadeiramente dessa “energia”, dessa graça de Deus que sustenta nossas almas no caminho para não desfalecermos. Por isso precisamos, sim, deste pão, o pão da fé, o pão da Eucaristia, o pão da graça de Deus.
Você que participa da Missa com frequência, comunga e reza em casa procure, mesmo no íntimo do seu coração, que a graça de Cristo venha alimentar e sustentar você. Nós precisamos ser iluminados por dentro numa verdadeira refeição espiritual em que a verdade de Deus dê ao nosso coração consolação, força e capacidade de continuar amando e caminhando em direção ao Céu. É esse o projeto de Deus, é isso o que Deus quer de nós.
Nesse contexto, celebrar a Memória da aparição de Nossa Senhora em Lourdes nos diz exatamente que Deus, nesse caminho, nos dá também a companhia da Virgem Santíssima. Nesse alimento espiritual do dia a dia, nessa caminhada rumo ao céu, nós não estamos sozinhos. Temos conosco a Mãe da graça, aquela que não abandona os seus filhos.
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