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A radicalidade do cristão

A fidelidade a Cristo, ao Evangelho e à Igreja, exige um preço a pagar: a rejeição do mundo. Os que queremos corresponder ao amor de Jesus temos de estar sempre cientes de que a divisão, ainda que não a desejemos, será inevitável.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
12, 49-53)

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra".

No dia em que a Igreja celebra a memória de São João Paulo II, Papa, o Evangelho que nos é proposto ensina a todos os fiéis a radicalidade típica do cristão: diante de Jesus, Nosso Senhor e Salvador, não se pode ficar indiferente. É o próprio Cristo, de resto, quem revela a divisão de que Ele mesmo é sinal; o seu santo nome exige um posicionamento claro e inconfundível de quem quer que Lhe cruze o caminho. O cristão, com efeito, tem de estar disposto a abraçar com toda intensidade a verdade do Evangelho, mesmo que isso signifique desagradar a pai e mãe, a irmãos e irmãs. Seguir a Cristo requer que renunciemos de modo resoluto às vaidades humanas. Esta morte para mundo, reapresentada aqui pelo batismo de fogo que Nosso Senhor afirma ter trazido à terra, é o caminho seguro para o Reino dos Céus, cujas portas, em forma de cruz, Jesus nos abriu com o preço do seu preciosíssimo sangue.

A fidelidade a Cristo, ao Evangelho e à Igreja, por outro lado, exige também um preço a pagar: a rejeição do mundo. Os que queremos corresponder ao amor de Jesus temos de estar sempre cientes de que a divisão, ainda que não a desejemos, será inevitável. Pois os valores e a renúncia que Cristo nos veio pregar e pedir dividem o povo cristão do resto mundo. Eles convidam todo fiel a ser generoso, enquanto o mundo alimenta o egoísmo; ensinam a desprezar as fugacidades e prazeres da terra, ao posso que o mundo se afoga em destemperanças e preocupações; indicam que a nossa estadia aqui é passageira, enquanto o mundo, ao mesmo tempo que se vai desfazendo, deseja fazer as vezes do Paraíso.

Que o bem-aventurado Papa João Paulo II, de feliz memória, interceda por nós. Ele, que no seu luminoso pontificado soube manter-se fiel à Tradição da Igreja e aos imperativos morais do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, é para nós, ainda nestes nossos dias de grande confusão e relativização dos costumes, modelo de renúncia à mundanidade e às pressões dos que desejam criar uma igreja à imagem e semelhança do homem decaído. Que Deus, Justo e Bom, nos conceda a graça de permanecermos fiéis à vocação do Batismo com que Ele nos regenerou e, pelo poder do Espírito Santo, dê-nos força e coragem para proclamarmos nos telhados e à luz do dia o Evangelho perene e imutável de seu Filho Unigênito, crucificado por causa dos nossos delitos.

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