Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 17, 10-13)
Ao descerem do monte, os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.
A Igreja celebra hoje a Memória de São João da Cruz, um de seus mais santos e mortificados Doutores.
Apesar dos preconceitos que às vezes nos impedem de ler corretamente os seus escritos, mais conhecidos pelo espírito de penitência e ascese, São João da Cruz é, sem dúvida nenhuma, o grande santo do amor. Prova disso, por exemplo, são o Cântico Espiritual e a Chama Viva de Amor, duas obras inestimáveis que nos falam, em tons apaixonados, da caridade infinita que Deus, tão sedento de união, tem por cada um de nós.
A renúncia absoluta a que São João nos exorta, um dos pontos mais destacados de sua produção ascética, talvez tenha, inclusive, uma raiz biográfica. É sabido que seu pai, Gonçalo, oriundo de uma família rica, renunciou a todos os seus bens e honrarias para casar-se com Catalina, moça pobre e humilde. São João pôde ver assim, “plasmado” na história mesma de seus pais, o itinerário que toda alma é chamada a percorrer: uma vez encontrado o nosso grande Amor, que é Deus e só Ele, não podemos apegar-nos a coisa nenhuma; temos, sim, de estar dispostos a largar tudo, com alegria de um coração apaixonado, para lucrar o tesouro de um Amor infinito, superabundante.
A renúncia de que nos fala o Doutor Místico, portanto, nada tem de pessimista e “mal-humorada”; é antes a única resposta possível de quem realmente ama e vê o seu Amado de braços abertos, à espera de que, livres das amarras de amores falsos e mesquinhos, finalmente nos lancemos ao seu Coração ardente de caridade.
Recorramos hoje à intercessão de São João da Cruz e, a seu exemplo, empenhemo-nos ainda mais, desatando-nos dos afetos mundanos, para chegar bem preparados à noite de Natal.
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