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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 16,9-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. Então, Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

Hoje celebramos a Memória de São Martinho de Tours, este grande bispo da Igreja que se converteu ao cristianismo. Tornou-se um exemplo de leigo e também um exemplo de pastor. Em primeiríssimo lugar, Martinho, ainda como soldado romano, mostrou o seu amor aos pobres, nos quais manifestava o seu amor a Cristo.

É famosa a história de Martinho, que, no meio do inverno, encontra um pobre que passa frio. Então, com sua espada, ele corta metade da sua capa de soldado e a dá ao pobre. Depois, durante a noite, Jesus lhe aparece em sonho vestindo a sua capa. Jesus era esse pobre.

Martinho, então, a partir desse amor a Cristo, começa a se dedicar à vida espiritual, à vida monástica, para depois ser conduzido ao pastoreio das ovelhas. Como bispo, ele passa uma vida laboriosa, de quem se entrega verdadeiramente a Deus. Já no fim da sua vida lhe foi revelado em que dia ele deveria morrer. Então, mesmo sabendo que ele deveria morrer, não hesitou e fez uma viagem pastoral para atender às populações necessitadas de evangelização.

Quando chegou o dia da sua morte, ele avisou a todos que iria morrer, e os seus filhos espirituais disseram: “Pai, por que nos deixas? Pai, por que nos abandonas? Nós ficaremos aqui sem ti?” Então Martinho, comovido pela necessidade de seus filhos, faz uma oração. Ele, velho, cansado, alquebrado, diz: “Senhor, eu não recuso trabalho. Se for da tua vontade, que eu fique aqui onde estou. Eu não recuso trabalho”, — “Non recuso laborem”.

A palavra ‘trabalho’, ‘labor’, é essa realidade da parte sofrida do trabalho. Não se trata simplesmente de realizar uma obra, que em latim é ‘opus’, ou seja, a obra é o trabalho no que ele tem de positivo, naquilo que ele tem de edificante, na sua capacidade de fazer o bem. A palavra ‘labor’ tem aquela ideia de “trabalho de parto”, de “dores do parte”.

Então, aqui nós vemos esse coração completamente configurado ao de Cristo, de um pai que não recusa os trabalhos, as dores do parto, não recusa estar aqui e entregar-se pelos seus filhos, para o bem das almas: “Non recuso laborem”.

Nesse sentido, São Martinho de Tours é um exemplo para todos nós, leigos e pastores de alma. Por quê? Porque todo homem maduro precisa ser pai. Toda mulher madura precisa ser mãe. Todos nós precisamos entrar nesse trabalho de parto, pelos nossos filhos, para verdadeiramente gerá-los para o Céu, gerá-los para Deus. A generosidade de São Martinho de Tours para com seus filhos espirituais deve nos impelir, deve nos entusiasmar.

Martinho é uma fotografia, um ícone do coração de Cristo. Cristo que não recusou os trabalhos da Cruz, não recusou os sofrimentos, as dores, as agruras de sua Paixão, para então gerar os seus filhos, gerar a cada um de nós. Todos nós nascemos do costado de Cristo. Todos nós nascemos do sangue e da água que brotaram do peito aberto de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que de lá do Céu São Martinho de Tours nos ilumine e dê a cada um de nós um coração de pai, um coração de mãe.

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