Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 23,35-43)
Naquele tempo, os chefes zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!” Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Neste domingo, celebramos Cristo, Rei do Universo, solenidade bastante recente, instituída pelo Papa Pio XI em 1927. Qual era a finalidade do Papa ao introduzir essa solenidade no calendário litúrgico? Era o fato de que, durante o século XX, vários regimes e governos se ergueram como potências anticristãs. É da época de Pio XI, por exemplo, a Revolução Mexicana, um governo liberal, maçônico e anti-católico que começou a matar milhares de sacerdotes e leigos fiéis, dando origem a inúmeros mártires. É da época de Pio XI a Revolução Comunista na Espanha, que fez também milhares de mártires. É da época de Pio XI a Revolução Comunista na Rússia, que fez literalmente milhões de mártires.
O Papa Pio XI estabeleceu esta festa para que nós católicos celebrássemos o reinado de Cristo em reparação a todas as sandices de homens que querem tomar o lugar de Cristo, mas também para que pudéssemos refletir sobre uma verdade: o fato de que não haverá paz, Estado justo, nem ordem no mundo civil e político, enquanto Cristo não reinar nos corações, especialmente daqueles que governam.
A Igreja é, sempre foi e sempre será contra o Estado laicista. Saiamos da teoria e olhemos para a vida. Não faz falta abrir o Catecismo ou a Bíblia para ver quais são as consequências do esquecimento do reinado de Cristo. Diga-se a uma pessoa comum, do próprio convívio, amigo, familiar ou colega: “Fulano, olhe, hoje haverá confissão lá na igreja. Faz tanto tempo que você não se confessa. Não quer ir comigo lá hoje?” A resposta costuma ser: “Eu não! Eu não tenho pecado. Nunca roubei, nunca matei ninguém. Para que vou me confessar?” Certamente, muitos já ouviram um dia uma resposta dessas.
O que isso quer dizer? “Eu não tenho pecado porque nunca matei ninguém”. O que é matar? Um crime reconhecido pelo Código Penal Brasileiro: quem mata vai para a cadeia; logo, por apressada sinonímia, é pecado o que é crime, e o que não é crime tampouco é pecado. Quem diz o que é pecado ou não é Código Penal, isto é, o governo. Mas se o povo só reconhece ser pecado o que o Estado penaliza como crime, é porque se submeteu a uma autoridade espiritual que lhe diz o que é bom ou mau. E essa autoridade, pasmem, é a do Estado! O que por si só é uma loucura!
Ora, nas mãos de quem está o nosso Estado? Nas de governantes com todo um currículo de falta de espiritualidade (para não dizer, às vezes, de depravação e corrupção…). São homens de “índole ilibada” que nos governam, que fazem leis, que alteram o Código Penal, que interpretam as leis, que dizem o que é o certo e o que é o errado… Isso é dramático. Estamos assistindo à longa marcha da vaca para o brejo.
Pergunta: Adultério é crime segundo o Código Penal Brasileiro? O marido que trai a esposa pode ir para a cadeia?
Resposta: Não. Mas lenta e gradualmente — às vezes nem tão lenta e gradualmente assim — se começa a pensar que tampouco é pecado porque, se o que o Estado reconhece como crime é pecado, então não há mal em fazer o que ele não reconhece como crime.
E hoje, para agravar a situação, dá no mesmo fazer leis e interpretar leis. Para o brasileiro médio, o que é o certo e o que é o errado, o que é moral e o que é imoral? É o que diz a lei promulgada pelo Estado ou interpretada por seus órgãos (ainda que não tenham competência para isso).
Por exemplo, a Constituição Brasileira diz com todas as letras que a família é constituída da união de um homem com uma mulher, e no entanto o Supremo Tribunal Federal resolveu interpretar “casamento” como resultado de qualquer agremiação que se queira constituir de forma estável. Isso basta para ser “família”. Eis a tragédia de trocar o poder espiritual de Cristo pelo do Estado, é uma tragédia de proporções inestimáveis, uma aberração tão grande, que faltam palavras para descrevê-la.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus feito homem, diz: “Quem olhar para outra mulher desejando-a no seu coração, já cometeu adultério com ela. Se um homem deixa a mulher e se une a outra, comete adultério. O que Deus uniu o homem não separe”. Jesus ensinou que adultério e dvórcio são pecados. Mas no Brasil, durante o governo militar, na década de 1970, o divórcio foi aprovado, e desde então a autoridade reconhecida ao Estado — poder espiritual sumo e maravilhoso, transcendente, nas mãos de gente de profunda espiritualidade e santidade de vida… — tem levado os brasileiros a pensar que não há mal algum em se divorciar.
Uma lei passada na década de 1970 virou do avesso a mentalidade do povo. O divórcio tornou-se a coisa mais óbvia do mundo, ainda quando a Sagrada Escritura diga claramente: “Quem se separa da sua mulher comete um pecado”. Prefere-se hoje a lei dos homens, à de Deus! Prefere-se a lei que sai de corações humanos corrompidos à que sai do Coração amoroso de Cristo. Eis o gênero de ofensas a Cristo Rei cometidas não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Suponhamos que o Legislativo promulgue uma lei descriminalizando o aborto. Não há dúvida: o povo brasileiro irá se curvar a essa autoridade chamada Estado, que tomou o lugar de Deus. O povo brasileiro passará a tratar o aborto como coisa normal — que Deus nos livre disso! Precisamos impedir que isso aconteça.
O normal é que exista um poder espiritual acima do Estado, mas que não seja o do próprio Estado e, sim, o de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se não for o de Cristo, será forçosamente o poder espiritual substituto do Anticristo.
“Mas, padre, como fica o Estado laico?” Não existe Estado sem que exista, acima dele, um poder espiritual. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Dizer que Estado é uma coisa e religião outra é não só errado como impossível. É impossível uma Constituição sem um poder espiritual acima do Estado por ela constituído. O governante que não se submete ao reinado de Cristo pode até julgar-se neutro e imparcial: “Eu governo para todos”, mas sua atitude não é neutra nem imparcial, é anticristã e irreligiosa. Isso, na prática, se traduz em leis avessas a Deus e úteis a Satanás. Há sempre um poder espiritual a que se está servindo.
Todo legislador, com efeito, assim como todo juiz e todo membro do Executivo, está obedecendo a um poder espiritual real e concreto; ou está servindo a Nosso Senhor Jesus Cristo ou está servindo a Satanás, Não há alternativa, non datur tertium quid, pois não há um “poder neutro” a que servir. Ou dou ouvidos às leis e aos valores cristãos que estão na base da nossa civilização, ou dou ouvidos a leis atéias, indiferentistas e anti-cristãs.
Imagine-se uma família que se proclame laica. Os pais não irão falar de valores religiosos aos filhos, para que, quando forem maiores, decidam eles mesmos no que vão acreditar. Certo dia, os pais surpreendem na prateleira do filho o Manifesto Comunista, de Karl Marx, ou livros de Judith Butler, ideóloga de gênero, ou obras a favor de um capitalismo selvagem sem limites morais, apologias ao sexo depravado etc. A família proclamou-se laica, privando assim os filhos de bons valores; mas esse vácuo foi preenchido, como não poderia deixar de ser, por outros valores. Quem não educa os próprios filhos não tem por que se preocupar; alguém os “educará” em seu lugar.
Não há neutralidade. Poder espiritual é poder educador. Mas quem educará o nosso país? Ateus? Relativistas? Materialistas anticristãos? Ou nós, cristãos? Essa é a pergunta. Sendo impossível dar um policial a cada família, a única forma de manter a ordem pública é por um sistema espiritual de valores, de leis, de mandamentos, de certo e errado. E quem tem transmitido tal sistema aos corações e às consciências é o Estado.
Não, o Estado não é laico; é laicista. Noutras palavras, a Igreja não pode educar. Hoje, a Igreja é tratada como um menor de idade, sem direito a dizer o que pensa: “O divórcio é mau, pois o matrimônio é indissolúvel. A anticoncepção é má, pois gerar filhos é o objetivo do ato sexual. Os pais devem estar presentes em casa para educar os filhos. As crianças não devem ser terceirizadas nem para a escola, nem para a creche, nem para o vizinho”. Foi para isso que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Igreja, porque, antes de serem feitas leis, deve existir um poder educacional.
“Poder educacional”, aqui, equivale no fundo a um poder espiritual, poder de determinar o que é o certo e o que é o errado; numa palavra, poder de estabelecer um sistema moral. Ora, quem está ensinando aos nossos filhos que droga não é problema? Alguém com poder espiritual sobre eles. O professor não veste batina, mas tem poder espiritual sobre os alunos. Afirma-se que Estado é laico, por isso a escola não pode ensinar o cristianismo, e no entanto há anticristãos em sala de aula ensinando aos jovens todo tipo de imoralidade!
Não há uma terceira via. Ou Cristo reina em nosso país, ou então reinará Belzebu. Na verdade, Belzebu já está reinando, sobretudo nas escolas. O poder espiritual a que os nossos filhos dão ouvidos é cada vez mais anticristão, quando não explicitamente satânico. Não, não existe “neutralidade”; não há educação em sentido próprio sem influência espiritual alguma.
Não existe nem existirá jamais uma “escola neutra”, farsa para calar a boca aos cristãos e privar-nos de qualquer poder educacional. O mundo tem um projeto educacional, satânico e anticristão, para o qual deve triunfar a destruição da família natural como Deus a criou; a destruição dos valores cristãos; a destruição, enfim, de toda uma civilização.
Até quando iremos deixar Belial reinar no lugar de Cristo? Celebrar Cristo Rei é celebrar o fato de que, em qualquer nação do mundo, há um poder espiritual que está acima do Estado; mas se alguém o nega, podemos ter certeza: está ali um representante, consciente ou não, do poder espiritual do mal. Por quê? Porque se trata de um disfarce para encobrir outro poder espiritual, também este acima do Estado — o poder anticristão.
Que o Cristo, Nosso Senhor, Rei do Universo, reine também em nosso país. Para isso, Ele precisa reinar primeiro em nossos corações e em nossas famílias. Não tenhamos medo de educar os filhos, de exercer sobre eles poder espiritual, de construir escolas em que possamos ensinar-lhes os valores do Evangelho, e não seguir as orientações de um governo que, disfarçado de “laico”, é na verdade anti-cristão.
* * *
Cristo ridicularizado na cruz (Mt 27,39-43; Mc 15,29-32; Lc 23,35-37). — Como o Gólgota fosse perto da cidade e muitos passassem por ali, não estranha que uma multidão se tenha reunido para assistir ao singular suplício.
V. 39s. Os que iam passando ultrajavam-no, movendo as suas cabeças em sinal de desprezo (cf. Jó 16,4; Is 37,22; Jr 18,16; Lm 2,15; Sl 21,43; 43,15 etc.) e dizendo: Ó tu (lt. Vah! gr. Ὀυά, exclamação irônica e debochada, presente apenas em Marcos), que destróis o Templo… salva-te a ti mesmo. Este acerbíssimo impropério, vergonhoso na boca de qualquer que tenha um mínimo de humanidade, mesmo dito contra alguém condenado justamente, quis o divino Cordeiro suportá-lo em silêncio, para que nele se cumprisse o vaticínio do Sl 68,27: Perseguiram aquele que tu feriste, e agravaram a dor daquele que vulneraste.
V. 41ss. Também os príncipes dos sacerdotes, os escribas e anciãos, i.e., todos os sinedritas cobriam Jesus das mesmas injúrias que o povo: Se é rei de Israel, desça agora da cruz, e cremos (em gr. πιστεύσομεν, ‘creremos’) nele. São Jerônimo: “Que é maior, um vivo descer da cruz, ou um morto sair ressuscitado do sepulcro? Ora, ele ressuscitou, e nem por isso acreditastes; logo, ainda que descesse da cruz, não haveríeis de acreditar” (In Matth. IV [ML 26,211B] = in Mt 27,43). — Confiou em Deus; que o livre agora, se o quer, i.e., se Deus o ama (cf. Sl 21,9), porque ele disse: Eu sou Filho de Deus. Convertiam assim em motivo de provocação e chacota quanto o Senhor houvesse dito de si mesmo. — Os soldados também, atesta-o Lucas, lançavam sobre o Senhor com os mesmos insultos e davam-lhe de beber azeite.
Primeira palavra na cruz (Lc 23,34a). — Esquecido do sofrimento, o divino Redentor levantou a voz em favor dos que o levaram ao suplício: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, confirmando assim pelo exemplo o que ensinara por palavra: Orai pelos que vos maltratam e vos perseguem (Mt 5,44).
Das palavras “não sabem” etc., inferem alguns que Cristo teria rezado unicamente pelos soldados romanos, que, ignorantes e pagãos, não pensavam estar fazendo outra coisa senão o seu dever. Mas parece muito mais provável que esta oração tenha sido feita também pelos judeus, inclusive os sinedritas, não porque estivessem livre de culpa, mas por ignorarem a gravidade do crime (a saber, deicídio) que cometiam (cf., e.g., At 3,17; 13,27; 1Cor 2,8).
Os dois ladrões; segunda palavra de Jesus (Mt 27,44; Mc 15,32; Lc 23,39-43). — Referem Mateus e Marcos que também os ladrões que foram crucificados com Cristo lhe faziam os mesmos insultos e impropérios; Lucas, por sua vez, escreve que somente um deles insultava o Senhor, enquanto o outro lhe dava sinais de reverência e sujeição. Ora, Mateus e Marcos usam o plural a) ou porque, de início, ambos os ladrões ultrajassem o Senhor, mas depois, vendo-lhe a paciência e a mansidão, um deles se arrependeu; b) ou para assinalar outra categoria de insultadores [1], como se dissessem: “Ultrajavam-no os que iam passando, sacerdotes, soldados e até os outros condenados que com ele padeciam”, o que não deixa de ser verdade, ainda que em um ou outro grupo houvesse só um detrator. Esta segunda opinião é a mais comum e provável, dado que o bom ladrão não poderia ter dito ao outro: Nem tu temes a Deus etc. (v. 40b), se pouco antes tivesse ele mesmo caído nesse pecado.
V. 39. Um daqueles ladrões (ϰαϰούργων = malfeitores), que estavam pendurados, blasfemava contra ele, dizendo: Se és o Cristo (gr. ὐχὶ σὺ εἶ ὁ Χριστός = Não és tu o Cristo?), então salva-te a ti mesmo e a nós. “Exemplo de insensata obstinação; assim costumam os homens desesperados, incapazes de escapar do tormento, vingar-se pela contumácia” (de Bruges, Commentarii [Antuérpia, 1712], II 347a).
V. 40. O outro, porém, tomando a palavra, repreendia-o, dizendo: Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? A partícula ‘nem’ (lt. neque, gr. οὐδέ), em latim, vincula-o com os sujeitos precedentes: “Nem tu, assim comos os outros que blasfemam Jesus, temes… Noutras palavras: “Que os outros o blasfemam, vá lá; mas que tu, estando no mesmo suplício…! Em grego, porém, refere-se antes ao verbo ‘temes’: “Nem temes tu a Deus”, quer dizer: “Tampouco em teus últimos momento de vida receias ofender a Deus, insultando injustamente um inocente que está no mesmo suplício que nós?” — V. 41. Nós estamos na verdade justamente (i.e., suportamos esta pena), porque recebemos o castigo que merecem as nossas ações: humilde e sincera confissão da própria culpa; mas este não fez nenhum mal (ἄτοπον = impróprio, ábsono, i.e., nada que não convenha a um homem decente, de bem etc.).
V. 42. E, iluminado pela graça interior do Espírito Santo, reconheceu naquele pobre crucificado não só um homem inocente, mas o Messias, por isso confessou abertamente: E dizia a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Logo, acreditou que Jesus alguma hora havia de reinar e a ele se confiou. A cláusula “quando entrares no teu reino” costuma ser interpretada assim: “Lembra-te… quando, após a morte, conquistares o teu rei”, ou “fores coroado rei”. No entanto, lê-se em alguns códices gregos: ἐν τῇ βασιλείᾳ σου = “em teu reino”, o que exrpime ideia de estado, repouso ou permanência (lt. in regno tuo), do modo que o sentido passa a ser: “Quando vieres já reinando”, “quando vieres triunfante, consquitado já o teu reino” [2].
“Neste homem miserável, propõe-se-nos um exemplo singular da graça de Deus, inesperada e incrível, realizado tanto para a sua salvação como para glória de Cristo, a fim de que, por um lado, não ficasse o Senhor privado, entre tantas ignomínias, de toda honra e, por outro, se manifestasse já naquele momento a eficácia de seu paixão” (de Bruges, II 349ab).
V. 43. Disse-lhe Jesus, surdo às ofensas mas atento às orações Em verdade te digo: Hoje (não só mais tarde, como pedes, mas logo após a tua morte) estarás comigo no paraíso, i.e., segundo a interpretação habitual, no seio de Abraão (no sheol dos justos). Para alguns intérpretes modernos, o paraíso prometido ao ladrão refere-se menos a um lugar que ao prêmio: “Doravante estarás comigo por graça e a mim unido por amizade”, como notara já Santo Ambrósio: “Viver é estar com Cristo; onde, pois, está Cristo, ali está a vida, ali o reino” (Expo. Evan. Lucæ X 122 = in Lc 23,43 [ML 15,1834A]; em CSEL 32/4 [1902] 500 l.16s, omite-se “ali está a vida”).
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