CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®

“Como entraste aqui sem o traje de festa?”

Sem a veste da graça de Deus, podemos até pertencer à Igreja pelo batismo e pela fé, mas, faltando-nos a caridade, não podemos participar nem do banquete eucarístico, nesta vida, nem das bodas definitivas do Cordeiro, no Céu.

Texto do episódio

Texto do episódio

imprimir

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 22, 1-14)

Naquele tempo, Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: “O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir. O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’

Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Portanto, ide até as encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’.

Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para ver os convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu.

Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Aí haverá choro e ranger de dentes’. Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos”.

Meditação. — 1. “Naquele tempo”, diz S. Mateus, “Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo”. A perícope do Evangelho deste domingo pode ser dividida em duas partes. Em primeiro lugar, a parábola de Nosso Senhor trata da união entre Deus e a humanidade por meio de uma figura: o banquete nupcial, para o qual o rei mandou “chamar os convidados”. O texto diz, porém, que ninguém se interessou pelo convite real, e mesmo diante da insistência do rei, os convidados se mostraram ainda mais arredios; “um foi para o seu campo”, afirma Jesus, “outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram”. Indignado com tamanha desfeita, sua majestade enviou “suas tropas para matar aqueles assassinos” e, “em seguida”, disse aos seus empregados que fossem às encruzilhadas dos caminhos e convidassem à festa todos os que encontrassem.

O banquete nupcial é o mesmo citado por S. João no livro do Apocalipse (cf. 19, 9). Deus, por pura e livre vontade, quer que sua criação mais sublime, o gênero humano, participe de sua felicidade no Céu. Na parábola, Jesus manifesta, de um lado, a insistência divina, por assim dizer, que não desiste de convidar os homens para uma participação mais perfeita no mistério da Trindade, e, do outro, a ingratidão do povo escolhido, que, a cada gesto de benevolência de Deus, se torna mais cruel e irreverente. Mas o resultado dessa contraposição redunda em benefício de toda a humanidade, e não só de um povo: como não estivessem dispostos a corresponder à graça, os primeiros convidados são preteridos pelo rei, que vai em busca dos mais humildes e esquecidos nas encruzilhadas. E assim a sala da casa do rei fica “cheia de convidados”.

2. A segunda parte da parábola trata precisamente da atitude desses novos convidados, que foram ao banquete. “Quando o rei entrou para ver os convidados”, narra Jesus, “observou aí um homem que não estava usando traje de festa”. O rei da parábola zanga-se com a situação e expulsa esse homem, mandando jogá-lo fora na escuridão, lugar de “choro e ranger de dentes”. Mas qual seria a justificativa para essa punição? É o que responde S. Gregório Magno numa das suas homilias: Entra, pois nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que, pertencendo à Igreja Católica, tem fé, mas lhe falta a caridade”. Ou seja, dentro do Corpo Místico de Cristo, temos dois tipos de pessoas: primeiro, aqueles que estão em estado de graça e procuram crescer na santidade, e segundo, aqueles que, embora fazendo parte da Igreja por conta do Batismo, não se importam, porém, com a graça santificante nem procuram cultivá-la. A estes últimos falta o amor e, por isso, também não podem comer do banquete.

A conclusão do Evangelho é a seguinte: todos somos chamados à felicidade eterna, mas “poucos são escolhidos” para tomar parte no banquete. Os convidados precisam revestir-se com a veste nupcial, ou seja, precisam progredir no amor para se manterem em amizade com o rei. No tempo da Igreja, portanto, Deus convida os homens para o banquete eucarístico, onde todos podemos exercitar nossa fé, empenhando uma devoção afetiva, que deve produzir um efeito em nossa alma: a transformação pelo amor. As comunhões eucarísticas são uma ocasião perfeita para fazer crescer em nós a caridade. Por isso, não é razoável a atitude de quem, a pretexto da pandemia, julgue desnecessária ou mesmo irrelevante a frequência à Santa Missa. Ao contrário, um bom católico sempre tem fome de Eucaristia, porque “o que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na nossa vida espiritual” (Catecismo, n. 1392).  Daí que, repetindo as palavras do Apocalipse, a liturgia da Santa Missa diga sempre, antes de cada comunhão dos fiéis: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”.

Oração. — Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Material para Download
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

506episódios