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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6, 37-40)

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: “Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei. Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.

A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, dia em que a Igreja nos exorta a sufragar com especial generosidade, com jejuns, esmolas e orações, as almas dos que padecem no Purgatório, é uma ocasião propícia para recordarmos alguns pontos básicos da fé cristã a respeito dos novíssimos. Antes de tudo, é preciso saber que, logo após a morte, a alma humana apresenta-se diante de Deus para receber a sentença do seu juízo particular, em virtude da qual ela irá, de forma definitiva e irreformável, a) ou para o inferno, caso tenha morrido em pecado mortal, ou, se partiu deste mundo em estado de graça, b) para o céu, se estiver totalmente preparada para a visão beatífica, c) ou para o Purgatório, onde deverá pagar a pena temporal de seus pecados ainda não satisfeita, além de purificar-se das imperfeições que a impedem de entrar na glória eterna. Isso significa que, no Dia de Finados, não rezamos para que os mortos se salvem, uma vez que, depois da morte, já está selado para sempre o destino de cada um deles. Proferida a sentença do juízo particular, de nada adiantam, por exemplo, as orações feitas em favor de um condenado.

Daí também se segue que o Purgatório, ao contrário de que às vezes se pensa, não é um momento de “indecisão” em que a alma, numa última oportunidade, poderia decidir amar a Deus, e assim ir para o céu, ou rejeitá-lo para sempre, e assim precipitar-se no inferno. Os que vão para o Purgatório, com efeito, já estão salvos: têm garantida a sua eterna bem-aventurança, à qual só terão acesso depois de se terem purificado, padecendo sem mérito na outra vida o que poderiam ter lucrado nesta, da pena temporal devida aos seus pecados já perdoados quanto à culpa. Essas almas benditas, que se acham em condição puramente penal e nada são capazes de fazer por si mesmas, podem contudo ser ajudadas pelos sufrágios dos fiéis, na forma de Missas, orações, esmolas, jejuns e outras obras de piedade, sobretudo pelas indulgências

É a isso que nos exorta hoje a Santa Igreja, é ao cumprimento deste dever sagrado de caridade para com os nossos irmãos mortos na fé que ela hoje nos induz. É verdade que, a não ser por especial revelação, não podemos saber se um nosso parente ou amigo, falecido talvez repentina e tragicamente, sem chance de receber os sacramentos, foi para o inferno ou para o Purgatório. No entanto, essa mesma incerteza, sustentada pela esperança de que Deus não nega a ninguém os auxílios necessários e suficientes à salvação, nos deve impelir a rezar, sim, por todos os fiéis que, mortos na graça divina, necessitam agora do nosso auxílio para que se lhes aliviem as penas que suportam e se lhes abrevie o tempo de padecimento; mas também por todos aqueles que, mesmo sem dar nesta vida sinais visíveis de se terem convertido a Deus, podem muito bem, num ato supremo de misericórdia do nosso dulcíssimo Juiz, estar hoje no Purgatório, onde permanecerão por ainda mais tempo, se não abrirmos nossas mãos para auxiliá-los generosamente. Nossa Mãe SS., que conhece o fim que tiveram os mortos por quem hoje rezarmos, saberá fazer bom uso dos sufrágios que oferecermos, e lhes dará melhor e mais sábia aplicação.

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