Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 14,15-24)
Naquele tempo, um homem que estava à mesa disse a Jesus: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” Jesus respondeu: “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’.
Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’. Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’.
O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: ‘Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar’. O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia’. Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete”.
No Evangelho hoje, Jesus nos fala do banquete que Deus prepara para nós. Estamos acostumados às parábolas, mas não notamos aquilo que é estranho: é o quanto Deus deseja preparar um banquete para nós.
Na parábola, nós vemos que Jesus fala de um homem que preparou um grande banquete, depois mandou o empregado convidar as pessoas; os convidados não vêm, e ele manda insistir mais ainda, embora cada um tenha a sua desculpa para não ir.
Ele insiste e vai alargando cada vez mais o convite. Aqui nós notamos duas coisas extraordinárias. A primeira é essa, que eu já fiz notar: Deus quer que nós sejamos salvos e tem mais interesse de que nós entremos no Céu do que nós temos interesse de chegar lá.
E a segunda coisa extraordinária é o fato de que exatamente essa resistência dos primeiros convidados — o fato de que os primeiros convidados rejeitam e dizem: “Não, não quero ir, eu tenho outra coisa, estou ocupado” — faz com que Deus alargue o convite e aumente o número daqueles que entram na sala do banquete. Essas duas realidades são muito importantes, e nós precisamos tê-las diante de nós na nossa vida espiritual.
Quantas pessoas ficam desesperadas, desestimuladas e caem em tentações de escrúpulo, em tentação de desânimo, de desespero, porque se esquecem desta primeira verdade: Deus quer que você seja salvo mais do que você quer se salvar.
Isso quer dizer que todas as graças estão à sua disposição. Isso quer dizer que você pode pedir, porque Deus está esperando que você peça: se você quer a castidade, peça a castidade; se você quer a perseverança, peça a perseverança; se você quer o dom da oração, peça o dom da oração. Deus quer dar, Deus está (para usar uma linguagem humana) “ansioso” por dar.
E, no entanto, nós estamos preocupados com outras coisas: “Ah, eu vou experimentar a minha junta de bois”, “Ah, o que vai acontecer no comércio, no mercado, na minha saúde, no meu mundo afetivo?”, e nós esquecemos o único necessário. Deus não se esquece. Deus quer ser amado. Por quê? Porque Ele sabe que serão felizes aqueles que o amarem.
O segundo ponto importante que eu fiz notar é o fato de que Deus termina tirando algo bom de grandes tragédias. “Omnia in bonum”, ou seja, “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus”. Nosso Senhor não permitiria os males, se desses males não pudesse tirar um bem maior.
Então, embora nas páginas dos nossos noticiários apareçam, cada vez mais frequentemente, más notícias, uma atrás da outra, nós sabemos que existe uma Providência — uma mão invisível, poderosa e providentíssima — que vai se aproveitar de todas essas circunstâncias para tirar um bem maior.
Então, isso nos dá grande confiança, a grande confiança de que Deus quer o nosso bem. O Céu é nosso amigo, nós é que às vezes somos nossos inimigos; o Céu quer a nossa salvação, nós é que estamos esquecidos do banquete preparado para nós.
Deus permite o mal, e fazendo isso, ele está nos dando presentes maravilhosos. Basta que tenhamos uma visão espiritual e consigamos enxergar nas entrelinhas, nas “linhas tortas”, as coisas certas que Deus está nos dizendo.
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