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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 2, 22-40)

Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.

Celebramos hoje a memória de S. Brás, bispo e mártir, dia em que recebemos a tradicional bênção da garganta. Todo o mundo sabe que ontem, festa da Apresentação do Senhor, foram abençoadas as velas — era festa de Nossa Senhora das Candeias. Em procissão com as velas bentas, entramos na igreja, e hoje, com as mesmas velas, o padre ou o diácono dá a bênção sobre a garganta dos fiéis, pedindo que, pela intercessão de S. Brás, o Senhor os livre do mal da garganta e de qualquer outra doença. Esta oração, que é um pedido claro de um milagre físico, isto é, de uma intervenção de Deus para nos libertar de males físicos, nos leva a perguntar: por que Deus realiza milagres? Parece coisa óbvia. Mas por que, afinal, Deus realiza milagres? “Ah!”, dizem alguns, “porque Ele é Deus”. Ora, no Evangelho de hoje, Jesus entra na cidade de Nazaré, na qual Ele cresceu e pela qual era conhecido — Jesus de Nazaré, ou o Nazareno —, mas não opera ali nenhum milagre, porque não tinham fé. Por que Jesus realizava milagres? Por que Deus ainda hoje faz milagres? É importante compreender que Jesus veio para nos salvar. Ele mesmo o disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Mas a palavra “vida”, no original grego do evangelho de S. João, é ζωή (zoé), usada tecnicamente para descrever a vida eterna, a vida do céu, a Vida com “V” maiúsculo. Esta vida aqui, a vida biológica, que passa e perece, é descrita com outras palavras (por exemplo, βίος, bios). Ora, ao operar um milagre, Deus intervém e nos dá mais vida, mas vida com “v” minúsculo, e o faz para suscitar a fé. Ou seja: quando as pessoas têm o coração aberto para a fé, Deus opera milagres, justamente para fazê-las, depois de recobrada a vida com “vê” minúsculo”, começar a crer na Vida com “V” maiúsculo e, assim, ir para o céu. É por isso que, em Nazaré, Jesus não opera milagres. Ele, Deus feito homem, vê perfeitamente o coração daquela gente, a cujos caprichos e necessidades não vai responder fazendo “milagrinhos”, enquanto os corações continuam empedernidos, fechados, sem querer crer. No fundo, os milagres de Nosso Senhor são como pregações, palavras, sinais que apontam para o alto. Jesus, ao operar milagres, faz crescer a fé e introduz o fiel no caminho da salvação. Deus não quer apenas resolver problemas fisiológicos, sanitários, biológicos etc. Alguém, no entanto, poderia perguntar: “Mas, padre, como o sr. conhece as intenções de Deus?” Não, não se trata de conhecer as intenções de Deus, quando o próprio Cristo Jesus disse que é melhor perder um olho e entrar sem ele no Reino dos Céus do que, tendo os dois, se perder no inferno. Com isso, Jesus não está, é claro, nos mandando arrancar os olhos, mas está ensinando que a saúde física, o bem do corpo, não é o mais importante: o que mais importa é a Vida, isto é, a vida eterna. — Hoje, com grande fé, aproximemo-nos dos sacerdotes e diáconos, para deles receber a bênção de S. Brás, confiantes de que o Senhor nos livrará, sim, do mal da garganta e de outras doenças, mas cientes de que tudo só tem serventia se nos puser no caminho do céu, da Vida com “V” maiúsculo.

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