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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6, 52-59)

Naquele tempo, os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”.

Hoje celebramos a memória de um santo bastante popular, mas pouco conhecido por sua vida e virtudes. Trata-se de S. Jorge, o grande mártir. Estamos acostumados a ver imagens de S. Jorge a matar um dragão, o que levou muitos historiadores e estudiosos a duvidar da existência do santo. Mas é preciso não confundir alhos com bugalhos. De fato, o episódio narrado pela lenda segundo a qual Jorge teria matado o dragão é lendário, isto é, não tem muito fundamento histórico. No entanto, a existência de S. Jorge e a santidade dele são indubitáveis. É a coisa mais certa que há. Entendamos primeiro quem é S. Jorge para depois entendermos a história do dragão. S. Jorge foi um soldado romano do tempo do imperador Diocleciano. Foi, portanto, contemporâneo de S. Sebastião. Jorge nasceu na terra de Jesus e entrou logo cedo para a carreira militar. Era um homem tão prendado, tão cheio de talentos, obediente, perfeito em tudo o que fazia, que acabou promovido para a guarda pretoriana, a guarda pessoal do imperador. Acontece que o imperador Diocleciano, naquela época, desencadeou uma grande perseguição aos cristãos. Galeno o tinha convencido de que eram os cristãos que traziam “mau agouro” para o império. Afinal, dizia-se, o fato de os cristãos não aceitarem sacrificar nem aos deuses nem ao imperador traria “má sorte” para o império, e era por isso que se estavam perdendo tantas batalhas… O imperador, supersticioso, começou uma tremenda perseguição aos cristãos. Fixou em vários edifícios públicos decretos proibindo o culto católico. Jorge, um rapaz de 24 anos, viu a injustiça do ato e começou não só a defender os cristãos como se assumiu católico publicamente, perante o próprio imperador. Diocleciano quis convencê-lo a apostatar da fé. Primeiro, ofereceu-lhe terras, dinheiro, cargos, uma promoção na carreira militar; mas Jorge, inflexível, se recusou a aceitar o suborno. Já antes disso, aliás, os pais de S. Jorge, que eram nobres, tinham-lhe deixado em herança uma grande fortuna, que o santo imediatamente distribuiu entre os pobres. Contrariado, o imperador mandou encarcerar Jorge, e a segunda tentativa foi a de seduzi-lo. É assim que se costuma fazer com as pessoas sem virtude. Qual é o meio mais fácil de mover a quem não tem virtude? Há dois: a sedução ou a coação. Os que não têm virtude se tratam como animais, que só buscam prazer e fogem da dor. O imperador, então, mandou pôr uma mulher na cela de Jorge. Fecharam-se as portas, e ficaram lá dentro os dois a sós, durante uma noite inteira. Qual porém não foi a surpresa dos carcereiros quando abriram a cela no dia seguinte e encontraram a mulher cristã e batizada, convertida pelo soldado! Que maravilha! Pouca gente sabe disso, mas S. Jorge é um dos santos protetores da castidade. A virgindade, a pureza, sobretudo a pureza masculina, têm grandes protetores, exemplos e modelos. O primeiro e o mais perfeito de todos é Nosso Senhor Jesus Cristo, homem virginal; S. José é outro grande modelo de castidade virginal; S. João evangelista, o discípulo amado, também é exemplo de castidade etc. Mas pouca gente sabe que S. Jorge também é um grande modelo, um grande intercessor para quem quer viver a castidade. E trata-se de um militar. Não é um modelo “delicado”, efeminado, como alguns poderiam pensar. Não, a castidade, a virgindade masculina, no cristianismo, é perfeitamente varonil. S. Jorge, como um grande guerreiro de Deus, triunfou pela castidade. Pois bem, o imperador, não podendo vencê-lo pela sedução, teve de passar para a coação. S. Jorge, após ser torturado, foi martirizado. Por todas essas vitórias ele é chamado pelos orientais de megalomártir, isto é, o grande mártir. O que acontece é que depois, durante a Idade Média, os cruzados foram à Palestina e acharam numa igreja dedicada a S. Jorge uma escultura que, na verdade, representava o imperador Constantino com uma lança a matar um dragão, mas o dragão da heresia, já que Constantino combatera o arianismo. Logo se formou a lenda de que S. Jorge teria matado um dragão. Conta-se que Jorge teria salvo uma cidade atormentada por um dragão ou, talvez, por um grande crocodilo. “Convertei-vos”, disse ele aos habitantes, “sede cristãos, e eu materei o dragão”. O dragão foi morto, e a cidade inteira converteu-se. Isso é o que diz a lenda. O importante, porém, é ver como Jorge venceu o dragão, muito mais perigoso, da tentação, da luta contra Satanás. É a nossa luta. Todo cristão é verdadeiramente um soldado de Cristo. Por que se diz que o sacramento da Crisma é o sacramento do cristão adulto? Porque, a partir dos sete anos de idade, todos nós somos adultos no sentido de que temos de enfrentar diariamente, como soldados de Cristo, as tentações do demônio. E de onde tiramos forças para matar esse dragão? No Evangelho de hoje, o discurso do pão da vida, Jesus diz algo muito importante e impressionante: “Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim”. S. Jorge vivia por causa de Cristo. A razão de ser da vida dele, como deve ser a da nossa, era Jesus. Nós, que recebemos a Eucaristia, nós, que nos alimentamos com o pão descido dos céus, temos de entender que é por Cristo, com Cristo e em Cristo, que vivemos. Vale a pena perder tudo para ganhar a Cristo. Que S. Jorge, grande mártir, vitorioso sobre os dragões infernais, nos dê a graça de também nós lutarmos, vivendo por Cristo, e derrotarmos os dragões que nos afastam de Deus.

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