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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 19, 31-37)

Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.

Com grande alegria celebramos hoje a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Neste que é o mês do Sagrado Coração, nós queremos nos colocar diante da realidade deste amor encarnado, que é o amor de Jesus por nós. Deus é amor. É isso o que nos diz a Primeira Carta de São João, e todo o mundo o sabe, é verdade.

Mas acontece que, neste mundo de sofrimento e de pecado, em que a morte é o preço que todos nós pagamos, um mundo que sofre, o ser humano tem dificuldade de entender a um Deus que não sofre. Ora, se Deus é amor, e nós sofremos para amar, e Deus, por definição, não sofre, como é que Ele nos ama? Então, Deus vem nos salvar e, ao se encarnar, ao nos salvar e nos arrancar da morte e da morte eterna, Deus vem viver a nossa miséria para nos amar com um Coração humano, um Coração que é capaz de sofrer.

Esse é o mistério que nós celebramos nesta Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Celebramos não somente que Deus nos ama, mas nós estamos dizendo que Deus se encarnou para nos amar com um amor infinito através de um Coração humano.

E o que é este Coração? Antes de tudo, o coração é um músculo, ou seja, no Evangelho de hoje, quando a lança do soldado transpassa o peito de Jesus e dali jorram água e sangue, nós vemos de forma encarnada, na carne de Cristo, uma expressão simbólica desse amor ferido por nós que jorra a graça, que purifica os nossos pecados através da água do Batismo e nos alimenta através da Eucaristia.

No entanto, o Coração de Jesus, ali presente enquanto órgão do corpo humano, é evidentemente um símbolo para significar algo mais profundo, que é aquilo com o qual todos nós amamos. Nós, seres humanos, podemos amar usando três realidades: uma realidade mais elevada, uma intermediária e outra mais baixa.

A realidade mais baixa, a que todos nós estamos acostumados, são os sentimentos: sentimentos de afeto, de amor etc., que nós temos em comum com os animais, mas é também amor. (Não vamos desprezar a parte afetiva, porque, afinal de contas, não somos anjos, e Jesus tinha entranhas de amor e de afeto. Quantas vezes o Evangelho fala desses sentimentos de Cristo pelas pessoas!)

Mas, acima dos sentimentos, há a alma com a sua vontade, que se decide pelo bem de uma pessoa, mesmo que isso acarrete alguma dor ou algum sofrimento. É aí que se dá, em Jesus, essa vontade decidida de não desistir de nós. Mas existe um terceiro nível, mais elevado ainda, que é o fato de que, no Coração de Jesus, o Espírito Santo ardia em chamas de amor infinito por nós.

Então, aqui nós vemos a riqueza do Sagrado Coração de Jesus, um Coração humano que pode amar, movido pelo Espírito, usando as suas faculdades espirituais e também os seus afetos. Três níveis fantásticos que também nós podemos usar para amar Jesus de volta.

Por isso, nós o celebramos pedindo ao Espírito Santo que venha e incendeie o nosso coração, para que a nossa alma seja capaz de abraçá-lo e que os nossos sentimentos se derramem em gratidão pelo Amor infinito que nos amou.

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