Em 2011 um grupo de 400 padres da Áustria organizou-se para, sistematicamente, desobedecer ao Vaticano, à Santa Sé e à Tradição da Igreja. Esses padres assinaram uma carta conclamando as pessoas para que não sigam as determinações do Magistério da Igreja em algumas questões específicas e delicadas. Vejamos as principais:
- Em todas as missas deverá rezada uma oração pedindo a reforma da Igreja, pois, segundo eles, Roma não representa mais os católicos com seu imobilismo institucional que impede a Igreja de crescer;
- Todas as pessoas de boa vontade podem receber a comunhão. Seria a “eucaristia inclusiva”, pois mesmo que a pessoa esteja em situação canônica irregular pode ter acesso à ela;
- Os padres não irão celebrar mais do que uma missa dominical. Também não aceitam que outros padres (viajantes, visitantes) celebrem em seus lugares;
- Como solução afirmam que deve ser instituída a “Eucaristia sem Padre” em todas as paróquias, pois todos têm direito a ela, mesmo que não haja padres (nesse caso, não haveria a consagração, mas tão somente a distribuição da comunhão);
- Eles querem desobedecer a regra que proíbe aos leigos fazer a homilia;
- Todas as paróquias deve ter um “chefe” leigo ou leiga para que se torne um ponto de referência;
- Querem a ordenação de mulheres e de homens casados;
- Manifestam sua solidariedade aos padres que casados não podem retornar a exercer a função sacerdotal e, pasmem, aqueles padres que fizeram a opção de mesmo padres, sem deixar o ministério, mantém relacionamentos afetivos e sexuais.
O Papa Bento XVI em sua homilia proferida na missa do crisma, no dia 05 de abril de 2012, responde de forma enfática a carta, dizendo:
"Recentemente, num país europeu, um grupo de sacerdotes publicou um apelo à desobediência, referindo ao mesmo tempo também exemplos concretos de como exprimir esta desobediência, que deveria ignorar até mesmo decisões definitivas do Magistério, como, por exemplo, na questão relativa à Ordenação das mulheres, a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer autorização para o fazer. Será a desobediência um caminho para renovar a Igreja?
Queremos dar crédito aos autores deste apelo quando dizem que é a solicitude pela Igreja que os move, quando afirmam estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das Instituições com meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos tempos de hoje. Mas será verdadeiramente um caminho a desobediência? Nela pode-se intuir algo daquela configuração a Cristo que é o pressuposto para uma verdadeira renovação, ou, pelo contrário, não é apenas um impulso desesperado de fazer qualquer coisa, de transformar a Igreja segundo os nossos desejos e as nossas ideias? Mas o problema não é assim tão simples.
Porventura Cristo não corrigiu as tradições humanas que ameaçavam sufocar a palavra e a vontade de Deus? É verdade que o fez, mas para despertar novamente a obediência à verdadeira vontade de Deus, à sua palavra sempre válida. O que Ele tinha a peito era precisamente a verdadeira obediência, contra o arbítrio do homem. E não esqueçamos que Ele era o Filho, com a singular autoridade e responsabilidade de desvendar a autêntica vontade de Deus, para, deste modo, abrir a estrada da palavra de Deus rumo ao mundo dos gentios. E, por fim, Ele concretizou o seu mandato através da sua própria obediência e humildade até à Cruz, tornando assim credível a sua missão. Não se faça a minha vontade, mas a tua: esta é a palavra que revela o Filho, a sua humildade e conjuntamente a sua divindade, e nos indica a estrada.
Deixemo-nos interpelar por mais uma questão: Não será que, com tais considerações, o que na realidade se defende é o imobilismo, a rigidez da tradição? Não! Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo. E se olharmos para as pessoas de quem dimanaram, e dimanam, estes rios pujantes de vida, vemos também que, para uma nova fecundidade, se requer o transbordar da alegria da fé, a radicalidade da obediência, a dinâmica da esperança e a força do amor."
O bem da Igreja não pode ser alcançado pela desobediência. A verdadeira reforma acontece quando se põe em prática aquilo que Cristo quer. O Magistério não é um déspota, um tirano que faz a Igreja de acordo com suas veleidades ou conforme o alvitre de um grupo. O Magistério é a Igreja de Cristo que tem ministros, sacerdotes, servos de Deus. Contudo, hoje em dia, o sacerdote não quer ser mais visto como um servo de Deus, mas sim como um funcionário do povo.
Os sacerdotes não podem ser esquecer de que servem primeiramente a Cristo, mesmo que isso não seja popular, que não traga aplausos e loas. O padre é um servo de Deus e, por causa disso, servo também do Povo de Deus. O Papa Bento XVI, naquela homilia, chama os sacerdotes à obediência a Deus, a renovarem a fé pela graça recebida pela imposição das mãos dos seus bispos no dia de sua ordenação, oferecendo-se como servo obediente configurado a Cristo e não somente sendo um funcionário que celebra a Eucaristia, mas um verdadeiro sucessor dos Apóstolos, com seu estilo de vida e exemplo. Com esta bela oração, o Sumo Pontífice finaliza seu pronunciamento dizendo:
"Preocupamo-nos com a salvação dos homens em corpo e alma. E, enquanto sacerdotes de Jesus Cristo, fazemo-lo com zelo. As pessoas não devem jamais ter a sensação de que o nosso horário de trabalho cumprimo-lo conscienciosamente, mas antes e depois pertencemo-nos apenas a nós mesmos. Um sacerdote nunca se pertence a si mesmo. As pessoas devem notar o nosso zelo, através do qual testemunhamos de modo credível o Evangelho de Jesus Cristo. Peçamos ao Senhor que nos encha com a alegria da sua mensagem, a fim de podermos servir, com jubiloso zelo, a sua verdade e o seu amor. Amém."
Rezemos para que os sucessores dos apóstolos, os padres, celibatários, do sexo masculino, continuem a obedecer ao sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI e a respeitar a disciplina da Igreja para todas as demais questões.
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