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O olhar de Jesus e o dos fariseus

“Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. Depois lhes disse: ‘Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?’ E eles não foram capazes de responder a isso.”

Texto do episódio
652

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 14, 1-6)

Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Diante de Jesus, havia um hidrópico. Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” Mas eles ficaram em silêncio.
Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” E eles não foram capazes de responder a isso.

Hoje, a Igreja celebra, no seu calendário universal, a Solenidade de Todos os Santos — que, no Brasil, é transferida para o próximo domingo —, e o Evangelho escolhido para esse dia nos fala da cura do hidrópico. 

O que quer dizer “hidrópico”? É aquele que sofre de hidropisia, uma condição que retém líquidos no corpo e, consequentemente, causa edemas e inchaços. O Evangelho não cita a área corporal do enfermo afetada pela hidropisia. O que importa é o fato de que Jesus observou aquele homem doente. 

Antes de curar o hidrópico, Cristo, estando na casa de um dos chefes dos fariseus, percebeu que os convidados o encaravam, por isso Ele também os observava. Entretanto, existe uma grande diferença entre o olhar de Jesus e o deles. O olhar dos fariseus é malicioso, pois eles procuram uma forma de prendê-lo, ao passo que o Senhor enxerga a situação do homem doente. Compadecido dele, Cristo toma a palavra, a fim de curar-lhes a maldade e, assim, fazer surgir no coração deles a compaixão. 

Ao devolver a saúde ao hidrópico, Jesus disse algo que desconcertou os fariseus: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” (Lc 14, 5). Com isso, Jesus quis curar tanto o hidrópico, pois se compadeceu de sua triste situação, quanto a doença da alma, ou seja, a malícia, o egoísmo e a arrogância dos corações insensíveis. 

Jesus apela para a compaixão, curando um homem doente, porque enxergou nos fariseus um mínimo de amor e acreditou que poderia converter ao menos alguns deles. No fundo, é como se Cristo lhes houvesse dito: “Vós, fariseus, tendes compaixão de vossos filhos e até de um boi acidentado. Logo, por que sois tão maliciosos nem vedes que o Deus de misericórdia veio a este mundo?”

Cristo, Deus compassivo, veio a este mundo para padecer conosco e por nós, morrendo na Cruz para nos levar ao Céu. Todavia, os fariseus, por inveja, não são capazes de enxergar este grande sacrifício de amor. Por isso, peçamos hoje ao Senhor que cure as nossas almas, que, empedernidas, precisam sofrer e compadecer-se para aceitar verdadeiramente o Salvador.

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