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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 21, 20-25)

Naquele tempo, Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia e lhe perguntara: “Senhor, quem é que te vai entregar?” Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “Senhor, o que vai ser deste?”

Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa isso? Tu, segue-me!” Então, correu entre os discípulos a notícia de que aquele discípulo não morreria. Jesus não disse que ele não morreria, mas apenas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?”

Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos.

Chegamos ao último dia da novena de Pentecostes. Esta noite será a grande vigília de preparação para renovarmos o dom do Espírito Santo, derramado sobre cada um de nós. Hoje iremos refletir sobre um sacramento em cuja importância nem sempre paramos para pensar: a Crisma, ou Confirmação, intimamente ligada com o Espírito Santo. Nesse sacramento, pela imposição das mãos do bispo (ou de um sacerdote por ele delegado) e da unção do crisma com a fórmula prescrita: Recebe por esse sinal o Espírito Santo, dom de Deus, o batizado recebe a plenitude do Espírito Santo. O que quer dizer isso na prática? Isso quer dizer que se nós, no Batismo, já temos o Espírito Santo, na Confirmação somos fortalecidos na fé para podermos agir como soldados de Cristo. Para entendê-lo melhor, olhemos para Pentecostes. Antes de Pentecostes, os Apóstolos estavam em estado de graça, isto é, já tinham recebido de Cristo as graças necessárias, o perdão de suas traições e misérias, a amizade divina, e estavam no Cenáculo perseverando em oração junto com Maria, Mãe de Jesus. Se os compararmos com o cristão de hoje, podemos dizer que os Apóstolos, antes de Pentecostes, eram como o fiel simplesmente batizado, aquele que tem as graças necessárias para, na vida espiritual, alcançar individualmente a santidade. Mas não somos apenas indivíduos, somos também membros da Igreja, por isso precisamos das graças necessárias para agir como tais. Ora, quando crescemos espiritualmente, o que acontece? Nós precisamos, em primeiro lugar, enfrentar os inimigos de Cristo. Os apóstolos estavam todos acanhados, com as portas fechadas por medo dos judeus. De repente, no dia de Pentecostes, eles saem com bravura de soldados para enfrentar os inimigos de Cristo e levar o nome do Senhor até os confins do mundo! O sacramento da Crisma está intimamente ligado com a vida espiritual de um verdadeiro cristão adulto. Mas o que devemos assumir para viver em plenitude esse sacramento, isto é, para que a Crisma não seja apenas uma lembrança do passado, uma cerimônia pela qual passamos ao lado de um novo padrinho ou madrinha, mas vivamos realmente como cristãos adultos, na dimensão eclesial, não só individual, da nossa fé, que temos de defender como verdadeiros apóstolos de Cristo? Primeiro: se somos crismados, temos o dever de conhecer melhor a fé, já que todo crismado recebe do Espírito Santo dons especiais para conhecê-la a fundo. É preciso estudar, meditar, crescer no conhecimento da fé. Afinal, como iremos defendê-la se não a conhecemos? Se uma das missões do apóstolo, soldado de Cristo, é defender a fé, é portanto necessário estudá-la com empenho. A segunda coisa que devemos fazer para viver de modo eficaz as graças desse sacramento é lutar contra o respeito humano. O que é isso? A expressão respeito humano é, em linguagem técnica, o medo que as pessoas têm do mundo e dos mundanos, ou seja, a vergonha da própria fé. Tem respeito humano, por exemplo, quem passa na frente da igreja, mas se envergonha de fazer o sinal da cruz, ou quem está numa roda de amigos onde todos estão falando mal da Igreja, mas tem vergonha de se apresentar como católico, defendendo a fé e expressando publicamente que é de Deus. Isso é o respeito humano. Ora, quem é crismado tem de ter o ardor e a valentia dos soldados de Cristo para proclamar publicamente a fé católica. Sim, tudo isso deve ser feito com prudência e maturidade, mas faz parte da identidade do bom cristão não se deixar levar pelo respeito humano. Quantas vezes nos achamos num grupo de pessoas que podem até ser da Igreja, mas quando surge uma piada suja, nós, para não ficar de fora — apenas por respeito humano — rimos, colaboramos com o mal! Não, não façamos mais isso. Somos soldados de Cristo. Terceiro ponto que é importante recordar a um crismado: é preciso ter certo apostolado. Se somos cristãos adultos, não temos fé só para nós. Quem é verdadeiramente católico quer que os outros se tornem católicos. E como ter o Espírito Santo de amor e não amar os outros? Ora, o maior ato de amor que se pode fazer a alguém é salvá-lo, e salvá-lo quer dizer trazê-lo para a Igreja Católica, caminho único de salvação. Temos de nos dar conta de que devemos fazer ao menos um pequeno apostolado. Nem todos sabem pregar, é verdade; mas qualquer um tem condições de recomendar uma pregação, nem que seja por WhatsApp. Isso já é apostolado. Os mundanos sabem muito bem fazer o “apostolado” do diabo. Quantas vezes não passam vídeos pornográficos e conteúdos escandalosos, sem qualquer despudor, enquanto nós, soldados de Cristo, não temos a coragem de sugerir sequer uma homilia! Quarto ponto importante: é preciso estar sempre muito aberto, ser dócil e estar atento às inspirações do Espírito Santo. Um meio de alcançar e manter essa abertura é falar sempre ao próprio anjo da guarda, posto por Deus ao nosso lado para nos ajudar a ter mais docilidade às inspirações do Espírito Santo, mesmo que às vezes sejam incômodas, nos tirem de nossos projetos, caprichos, vontades próprias e veleidades. Sem docilidade, não podemos trilhar o caminho de Cristo. Recapitulemos para finalizar. Primeiro ponto: conhecer a fé para defendê-la; segundo: combater qualquer forma de respeito humano; terceiro: realizar algum apostolado; quarto e último: estar aberto aos impulsos do Espírito Santo. Que o dia de Pentecostes seja para nós uma verdadeira renovação do sacramento da Crisma. E que Deus confirme na graça a nossa vontade de sermos soldados e apóstolos de Cristo.

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