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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 14,12-14)

Naquele tempo, dizia Jesus ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos nem teus irmãos nem teus parentes nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que devemos realizar nossas boas obras diante de Deus porque somente dele virá a verdadeira recompensa. Jesus o faz por meio de uma comparação, dizendo que, em um almoço ou jantar, não se devem convidar os que podem retribuir, mas os pobres, aleijados, coxos, cegos etc., justamente porque não podem nos recompensar. Assim, seremos premiados na ressurreição dos justos.

Esse, em resumo, é o Evangelho de hoje. Mas o que Jesus quer nos ensinar? Primeiro, que seremos salvos por graça de Deus. Ninguém merece por si e de si a salvação. Foi Cristo na cruz quem a mereceu para nós. Ora, o que é mérito em sentido próprio? É uma obrigação de justiça. Cristo, Deus feito homem, realizou na cruz atos de infinito valor, por isso apenas Ele merece o céu com todo o rigor de justiça. Mas Cristo é tão bom e misericordioso, que, como Cabeça dos homens, mereceu para eles a graça da salvação, isto é, de participarem de seus bens divinos.

Façamos uma comparação. Uma pessoa, depois de muito trabalhar, merece seu salário. Ela tem mérito perante o patrão, de modo que, se este não lho pagar, cometerá uma injustiça. Mas se a mesma pessoa trabalhar o mês todo e, ao final dele, der a outro o salário merecido, terá feito uma liberalidade, isto é, agraciado um terceiro com bens adquiridos por mérito próprio. É assim, de modo análogo, que Cristo mereceu para nós a bem-aventurança celeste: só aos atos dele, teândricos e infinitamente meritórios, corresponde em justiça o prêmio do céu, mas ele quis participar-nos suas riquezas, oferecendo-se a Deus por nós.

Pois bem, entre as maravilhas que o Senhor nos mereceu, uma das maiores é a graça de poder amar, ou seja, de realizar com verdadeira caridade sobrenatural boas obras, gratas a Deus e verdadeiramente meritórias de um aumento proporcional da glória celeste. A graça, em si e por definição, não pode ser merecida; mas, uma vez que a recebemos gratuitamente de Deus, podemos transformá-la em atos que Deus mesmo se comprometeu recompensar (cf. Mt 10,42; Mc 9,41). A cada um segundo suas obras (Rm 2,6), diz São Paulo, e em outro lugar: Cada um receberá seu louvor de Deus (1Cor 4,4s). Em outras palavras, pelos méritos de Cristo Deus nos dá a graça de também nós merecermos, e quanto maior for a generosidade de nossa caridade, ela mesma um dom imerecido, maior será nossa glória no céu e na ressurreição dos justos.

Então serás feliz, conclui Jesus, porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos. Sim, seremos salvos de graça, mas não é verdade que tanto faz como tanto fez servir a Deus a vida inteira ou se converter na última hora. Quem serviu a Deus com amor e generosidade a vida inteira terá uma recompensa maior que a daquela que se converteu pouco antes de morrer. É um grande mistério, que nos estimula a ser sempre mais generosos. Se fomos amados, como não iremos amar de volta a quem tanto nos amou?

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