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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Na enfermaria de Lisieux, Teresinha sofreu tremendamente com a tuberculose que a consumia por dentro, transformando-a quase em esqueleto. Parecia-lhe ter espinhos dentro do tórax, e eram constantes os sufocamentos, as tosses, os escarros de sangue…

Foi no meio de sua paixão e cruz que ela disse às irmãs: “Meu Céu, eu o passarei fazendo o bem sobre a terra”, — Mon Ciel, je le passerai à faire du bien sur la terre. No dia 9 de junho, quando Maria, sua irmã mais velha, lhe disse o quanto choraria a ausência da enferma, Teresinha ratificou-lhe a promessa: “Não, não! Ao contrário, eu farei cair uma chuva de rosas”.

Celebrar Santa Teresinha é, pois, celebrar a comunhão dos santos. No Céu temos amigos! Santa Teresinha fez tais promessas justamente por ter experimentado ela mesma a consolação de saber que o Céu é nosso amigo.

Todos sabemos que o de Teresinha foi um caminho espiritual prodigioso e rápido. No auge da perfeição cristã, ainda na casa dos vinte anos, depois de entrar nas Sétimas Moradas, Santa Teresinha passou por uma grande “noite escura”. Contudo, muitos se enganam ao pensar que a secura espiritual vivida por Santa Teresinha antes da morte foi uma das noites escuras de que fala São João da Cruz em suas obras.

Uma noite escura, em sentido estrito, serve de purificação antes de a alma chegar à santidade. Ora, Santa Teresinha já estava purificada. Foi só depois de ter entrado nas Sétimas Moradas que ela, santa e pura, deu início à sua missão por nós, para o nosso bem. Teresinha começou então a viver dores de noite escura, como secura e grandes tentações contra a fé. Ela mesma o dizia: “Vivo as grandes tentações dos grandes ateus”.

Nesse calvário tanto físico, pela tuberculose, como espiritual, pelas angústias da alma, Santa Teresinha sofreu pensando em nós. Ela se referia explicitamente à família das pequenas almas que iriam seguir o caminho traçado por ela. Era, portanto, consciente de seu papel. Internada em Lisieux, ela tinha diante dos olhos a grande família das pequenas almas pela qual sofria.

Um dia recebeu uma consolação, coisa rara no meio desses tormentos. Teresinha viu em sonho algumas carmelitas vindas do Céu. Entre elas estava a bem-aventurada Ana, fundadora do Carmelo na França. Teresinha confessou mais tarde: “Eu me espantei bastante porque nunca tive devoção por ela e, de repente, ela me apareceu”. Embora não visse o rosto das carmelitas, coberto por um véu, ela tinha certeza de quem eram.

Veio enfim a experiência consoladora, e nela está o centro desta pregação: “Então, serviu-me de grande consolação saber que o Céu é povoado de amigos”, de pessoas que nos querem bem, que nos amam, que cuidam de nós, que se importam conosco!

 É essa experiência vivida por Teresinha o que eu gostaria de compartilhar hoje. Que alegria saber que no Céu temos amigos que cuidam de nós! Que alegria saber que Teresinha pensou em nós e nos prometeu: “Eu passarei o meu Céu a fazer o bem sobre a terra”; ou ainda: “Ninguém olhará para o Céu suplicando por mim em vão”. Ninguém suplicará em vão! Ninguém será deixado no vazio. Teresinha olhará por cada um de nós e nos dará as rosas de que mais precisamos. 

Quando morreu Teresinha, pequena freira desconhecida de um Carmelo desconhecido em uma cidade igualmente desconhecida na França, chamada Lisieux, que jamais teria entrado para a história, ergueu-se um furacão de glória. A menina, conhecida apenas pelo livrinho História de uma alma, começou a ser invocada por milhares de pessoas em toda a Europa, principalmente durante a Primeira Guerra Mundial.

Soldados eram visitados por ela nas trincheiras! Entre os vários militares salvos por Teresinha durante a Primeira Guerra Mundial está o bem-aventurado Fr. Maria Eugênio do Menino Jesus, que lhe atribui o fato de ter sobrevivido a um tiro no capacete. Curas, graças, portentos… Eram tantos os milagres, que o Carmelo de Lisieux teve de contratar funcionários e criar um departamento de correio exclusivo para as milhares de cartas atestando graças, milagres e feitos extraordinários de Teresinha. Um verdadeiro furacão de glória, a ponto de o Papa São Pio X dizer que Santa Teresinha era a maior santa dos tempos modernos.

Teresinha faz milagres? Sim, mas ela é conhecida menos pelos milagres físicos, que nos prodigalizou em abundância, que pelos espirituais. Os milagres físicos de cura são numerosos, mas os espirituais de conversão, de progresso espiritual, de perfeição cristã e de aumento de santidade são numerosíssimos, imensos, um verdadeiro mar.

Sentimo-nos necessitados de graças físicas, de um milagre, de um prodígio palpável, de uma cura, da solução de um problema ou do alívio de um sofrimento? Santa Teresinha atende, sim, a esse tipo de pedido; mas é muito mais frequente que ela atenda a pedidos ainda mais necessários: pela conversão do coração, pela mudança de vida, pelo progresso espiritual, pela santidade.

Temos em nossas famílias muitos que precisam de conversão? Estamos tropeçando, claudicando, mancando na vida espiritual, necessitados de auxílio? Ide a Teresinha! Pois o que ela nos deu foi um pequeno caminho, um caminho bem curto, um caminho bem certo, um caminho bem direto para a santidade. Ela, Doutora da Igreja, nos deu a graça desse caminho, e a sua intercessão vale muito, e vale sobretudo para isso: rosas do Céu para a nossa conversão, para a nossa mudança.

Lembremo-nos de rezar sobretudo pelos sacerdotes. Santa Teresinha, antes de entrar para o Carmelo, disse: “Eu entendia que era a minha vocação de carmelita rezar pela conversão dos pecadores, mas eu não entendia que era necessário rezar pelos padres, porque eu achava que os padres eram anjos, até que eu viajei a Roma”.

Em sua peregrinação à Cidade eterna, ela teve oportunidade de conviver com sacerdotes pela primeira vez na vida, e nem tudo o que viu foi edificante. Tenho certeza de que Teresinha viu um nada em comparação com os escândalos de hoje… A Igreja, mais do que nunca, precisa de sacerdotes — padres e bispos, cardeais e papas — santos que a salvem da atual crise do clero, que é uma crise de fé da própria Hierarquia.

Rezemos, rezemos muito! Rezemos insistentemente! Rezemos humildemente! Deus o quer, então Deus nos dará santos sacerdotes conforme o seu coração. Teresinha é sempre grande companheira em nossas orações e entregas pela santificação dos sacerdotes.

Que ela faça chover do Céu uma chuva de rosas — as conversões necessárias e graças abundantes — atendendo aos nossos rogos. Olhemos confiantes para o Céu, sabendo que ela não irá nos falhar, porque no Céu temos grandes amigos.

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