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São José e a Redenção

No meio da Quaresma, São José parece estar fora de lugar. Não faria mais sentido celebrar sua solenidade perto do Natal, ao invés da Páscoa? Qual seria o papel deste grande Patriarca no mistério de nossa salvação? Nesta aula, entenda como o protetor da Sagrada Família é também “guardião dos redimidos”.

Texto do episódio
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Jesus Cristo é, desde toda eternidade, o “Filho unigênito do Pai”. As profecias do Antigo Testamento, no entanto, falam abertamente de um “filho de Davi” como Messias da aliança entre Deus e os homens, de modo que, ao longo dos tempos, os hebreus esperaram a chegada desse filho, conforme a promessa do próprio Deus: “Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas, e firmarei o seu reino” (2 Sm 7, 12). Como pode Jesus, então, ser o “filho de Deus” e, ao mesmo tempo, o “filho de Davi” esperado pelos israelitas?

A resposta a essa pergunta está necessariamente na pessoa de São José. Para cumprir a sua promessa, Deus escolheu um descendente de Davi, como relata o evangelista São Mateus, para ser o pai adotivo de Jesus, por meio do matrimônio com a Virgem Maria. Apesar de não terem consumado carnalmente essa união — Maria sempre Virgem —, José e Maria viveram, sim, um casamento legítimo, como atestam as palavras do anjo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo” (Mt 1, 20).

Jesus é, portanto, “Filho de Deus” por geração e “filho de Davi” pelo casamento de José e Maria. A partir disso, a Igreja  sempre atribuiu a São José um papel especialíssimo no mistério da redenção. No Magistério mais recente, esse papel foi realçado pelo papa São João Paulo II, na exortação apostólica Redemptoris Custos, em cuja redação o pai adotivo de Jesus é chamado de “guardião do redentor”. Como não se trata de uma matéria óbvia, São João Paulo II explica que o mesmo decreto divino que escolheu Maria para ser “Mãe do Redentor” escolheu também José para custodiar a sua missão salvífica, de modo que a participação deste na economia da salvação não se resumiu aos primeiros anos da vida terrena de Jesus, mas se estendeu até a cruz.

José participou do mistério da cruz pela obediência da fé. Diante do mistério da “esposa grávida”, ele, que era um homem justo, não se achou digno de participar daquele evento e, assim, decidiu renunciar em segredo a Virgem Santíssima, para não a expor publicamente. José sabia perfeitamente da santidade de sua noiva. Por isso, ele assumiu a culpa de abandoná-la em segredo. Foi somente após a palavra do anjo que José se tornou o pai adotivo de Cristo, por um ato heróico de extrema fidelidade a Deus, de tal modo que tanto Maria quanto José foram verdadeiros esposos um do outro, em uma união mais íntima que qualquer ato sexual. José, como mais ninguém, podia dizer a Maria: Totus tuus.

Celebrar a memória de São José, portanto, é celebrar a porta da redenção, isto é, a fé que nos mantém firmes aos pés da cruz. Assim como ele guardou o redentor e a sua mãe, ele também nos guardará de toda tribulação, para que sejamos capazes de caminhar até o calvário da nossa paixão.

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