Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6, 53-56)
Naquele tempo, tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava.
E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.
Hoje, o Evangelista São Marcos nos apresenta um como que compêndio das curas que Jesus, logo no início do seu ministério, começou a realizar. Vemos aqui com bastante clareza a grande fama de que Cristo passou a ser rodeado, devido aos primeiros milagres de sua vida pública. O relato desse sucesso inicial irá contrastar de modo flagrante com as últimas narrativas da Paixão: se hoje, por um lado, Jesus é por todos acolhido, nas próximas leituras, por outro, veremos o Senhor ser progressivamente desprezado e rejeitado, até ao abandono total na Cruz, a cujos pés permanecerão pouquíssimos discípulos. Esse processo de rejeição gradual lança raízes na quebra de expectativa que a figura de Cristo, Messias e Servo sofredor, acaba por gerar no espírito do povo judeu. Com efeito, esperavam os hebreus um libertador que viesse restituir Israel à sua glória humana e política; a vinda do Messias era identificada, nesse sentido, com a instauração imediata do Reino de Deus dentro da história humana.
Jesus, no entanto, vem instaurar um período que não fora previsto pela escatologia judaica: o tempo da Economia Sacramental, ou seja, o arco de tempo em que a Igreja, Corpo Místico de Cristo, caminha ao longo da história em direção à consumação dos séculos, quando o Senhor Jesus há de voltar em sua glória para julgar os vivos e os mortos e realizar, enfim, "o triunfo definitivo do bem sobre o mal" (CIC, 681). É neste tempo que vivemos e é neste tempo que nos devemos esforçar para, como as multidões da leitura de hoje, levar muitas almas para Igreja, a fim de lá serem tocadas por Cristo. Nesse sentido, o Evangelho desta 2.ª-feira é um belo resumo daquilo que deve ser a atividade missionária dos cristãos: reconhecer Jesus e levar-lhe os nossos doentes, os nossos desvalidos, os nossos necessitados, os nossos pecadores. Que o Senhor nos ajude, pois, a conquistar para si muitas outras almas, para que, cheias de esperança, aguardem conosco a glória celeste que ainda há de manifestar-se!
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