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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12, 14-21)

Naquele tempo, os fariseus saíram e tomaram a decisão de matar Jesus. Ao saber disso, Jesus retirou-se dali. Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. Advertiu-os, no entanto, que não dissessem quem ele era. Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Isaías: “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual está meu agrado; farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar o direito. Em seu nome as nações depositarão sua esperança”.

“Ao saber disso”, ou seja, das maquinações que contra Ele preparavam os fariseus, “Jesus retirou-se dali” com seus discípulos para o mar (Mc 3, 7), isto é, para as margens do mar de Genesaré, nas fronteiras da Galiléia, por onde seria mais fácil fugir em caso de perigo. Até ali, porém, o seguiu uma grande multidão, reunida de todas as partes da Palestina. “Todos os que padeciam de algum mal se arrojavam a Ele para o tocar” (Mc 3, 10) e os endemoniados, prostrados aos seus pés, confessavam-no abertamente como Filho de Deus. “Advertiu-os, no entanto, que não dissessem quem Ele era”, para que se não inflamasse ainda mais o ânimo de seus inimigos. “Assim se cumpriu”, anota o evangelista S. Mateus, “o que foi dito pelo profeta Isaías” (cf. 42, 1-4): “Eis o meu servo, que escolhi” para ser o Messias; “o meu amado, no qual está meu agrado”, como reafirmei em seu Batismo (cf. Mt 3, 17). “Farei repousar sobre Ele o meu Espírito [1], e Ele anunciará às nações”, ou seja, a todos os povos pagãos, “o direito”, que é a justiça ou santidade contida em sua Lei e causada por sua graça. “Ele não discutirá nem gritará”, isto é, se absterá de toda rixa e contenção, mas usará de moderação e muita misericórdia, “e ninguém ouvirá a sua voz nas praças”, porque se fará ouvir mais pela inspiração interior da graça do que por discursos e raciocínios humanos. Será pois tão amante da paz, que “não quebrará o caniço rachado nem apagará a mecha que ainda fumega”, quer dizer, não fará desesperar aos que ainda preservam, apesar de seus pecados, alguma centelha de esperança da salvação; “até que faça o direito”, isto é, a justiça e a doutrina que vem pregando, “triunfar”, ou seja, dar o fruto esperado, que é levar a todas as gentes a esperança e os meios de salvação pelos méritos redentores do Messias. Por isso, conclui o profeta, “em seu nome as nações depositarão sua esperança”, já que “debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens”, judeus ou gentios, “pelo qual devamos ser salvos” (At 4, 12) [2].

Referências

  1. Cf. H. Simón, Prælectiones Biblicæ. Novum Testamentum. 4.ª ed., iterum recognita a J. Prado. Marietti, 1930, vol. 1, p. 229, n. 148: “Que significa essa infusão do Espírito Santo em Cristo? No Antigo Testamento, quem quer que fosse chamado pelo Senhor a assumir uma missão árdua e difícil era movido por um singular impulso do Espírito Santo. É o caso de Otoniel (cf. Jz 3, 10), Gideão (Jz 6, 34), Jefté (Jz 11, 29), Sansão (Jz 13, 25), Bezaleel (cf. Ex 31, 3; 35, 31), Balaão (cf. Nm 24, 2), Saul (1Rs 10, 6.10) etc., que eram movido pelos Espírito para levar a cabo, com fortaleza e sabedoria, a missão que receberam. Nessas passagens, a infusão ou moção do Espírito Santo não designa a graça santificante. Ora, é evidente por sua própria natureza, além de ser totalmente conforme ao testemunho dos SS. Padres, que à infusão do Espírito Santo em Jesus corresponde um sentido mais pleno, a saber: o de plenitude da graça e inabitação do Espírito Santo. Seria ímpio, no entanto, supor em Cristo algum aumento de graça ou entender a descida sobre Ele do Espírito Santo como se, nesta ocasião, Cristo tivesse sido eleito e ungido como Messias; com efeito, essa admirável manifestação [do Espírito no Batismo] foi feita não por causa de Cristo, mas por nossa causa”. 
  2. Cf. Id., p. 294, n. 195.

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