Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Mc 10, 46-52)
Naquele tempo, Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”.
Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória de São Justino, mártir. Este santo viveu no período que chamamos de idade sub-apostólica, época em que ainda havia pessoas que tinham conhecido os Apóstolos. Trata-se da primeira leva de santos, num momento em que a Igreja já estava sendo perseguida e martirizada.
São Justino nasceu na Samaria, o mesmo território onde Jesus encontrou a samaritana no poço de Sicar. Ele foi leigo e um grande estudioso, de modo que, além de conhecer profundamente a doutrina cristã, para ele a verdadeira filosofia, também defendeu a Igreja diante dos imperadores romanos.
Justino escreveu as Apologias ao imperador Antonino Pio, nas quais relatou com detalhes a vida dos primeiros cristãos. É interessante lermos as apologias de Justino e ver como a Igreja nasceu católica, e não protestante. Justino nunca disse: “Nós, cristãos, seguimos a autoridade das Escrituras e trazemos a Bíblia debaixo do braço para que cada um a interprete como quiser”. Ele falou, ao explicar sobre a vida cristã para o imperador, de uma Igreja plenamente católica, descrevendo, por exemplo, os ritos sacramentais que os católicos usam até hoje.
Esse santo, um grande apologista, não se limitou a defender a fé com escritos, mas com a própria vida, derramando o seu sangue. Ele é um exemplo extraordinário que nos inspira, sobretudo nestes tempos de crise.
Necessitamos de leigos que estudem a doutrina cristã e, convencidos dela, não somente vejam com a inteligência a verdade da fé, mas a experimentem por meio de uma santidade profunda, pois quando nos debruçamos sobre as verdades da fé e começamos a buscar um conhecimento mais profundo, terminamos, com a graça de Deus, tendo delas um conhecimento também experimental. Deus pode e quer nos dar a experiência das verdades que estudamos, e é por meio dela que nos tornamos capazes de derramar o sangue por amor a Cristo.
Vivemos numa época em que a Igreja passa por uma grande apostasia, onde os católicos não estão mais prontos para o martírio. Por isso, diante do primeiro aperto do mundo, a alma “espana” e abandona a fé. Antigamente, para que os católicos apostatassem, eram necessárias ameaças, cadeias e torturas. Hoje, não é preciso muito: basta uma censura das redes sociais ou o medo de que os “amigos” olhem torto para que o fiel já mude de opinião e se conforme ao mundo.
Atualmente, muitos leigos, diante das verdades católicas e das falsidades e mentiras do mundo, alegremente abandonam as primeiras para abraçar as segundas: ideologias como a de gênero, relativismo religioso, indiferentismo, uma moral sexual laxa… Eis o caminho largo que os católicos de hoje têm preferido em vez da verdadeira fé! E essa grande apostasia se dá desde o mais pequeno fiel até homens ilustres e importantes do clero.
Infelizmente, não temos mais leigos do “calibre” de um São Justino, homens que verdadeiramente se ponham a estudar como ele, um filósofo que não quis apenas conhecer as coisas, mas saboreá-las por dentro, tendo um conhecimento experimental da verdade que o tornou capaz de derramar o sangue para testemunhar a fé.
Portanto, peçamos hoje a intercessão de São Justino, a fim de que ele nos dê a graça de verdadeiramente experimentarmos as verdades que ele defendeu com seus escritos e com o seu sangue, para que também nós sejamos dignos das promessas de Cristo.
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