Seguimos com o nosso curso sobre os relatos da Paixão e voltamos ao momento em que Jesus revela sua angústia no Evangelho de São João: “Que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi para esta hora que eu vim” (Jo 12, 27). Aqui encontramos a chave interpretativa da Paixão: unir nossa cruz à de Cristo. Se queremos compreender os Evangelhos, devemos abraçar nossa cruz, pois “quem se apegar à sua vida, vai perdê-la” e “o grão de trigo precisa morrer” para gerar nova vida. Assim, na fé, descobrimos Cristo e o verdadeiro sentido do sacrifício.
Agora, seguimos para o Horto das Oliveiras a fim de observar como os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas apresentaram essa mesma verdade. A realidade histórica é que Jesus, em sua alma humana, apesar de ser Deus, sofreu e se angustiou. Pessoa alguma pode olhar para o Céu, depois da Paixão de Nosso Senhor, e dizer que Deus não sabe o quanto o ser humano sofre. Ora, Deus sabe, sim. Ele sofreu infinitamente mais do que nós — e por nós. Por isso, em nossos sofrimentos, precisamos nos unir a Ele.
Assim, veremos como cada evangelista, embora Deus seja o autor, transmite o único Jesus de forma singular, usando sua inteligência, vontade...