O Horto das Oliveiras é um dos momentos de grande revelação nos Evangelhos. Como diz o Evangelho de São João: “Queremos ver Jesus” (Jo 12, 21). Para isso, precisamos compreender a realidade do Cristo transfigurado no Monte Tabor, para onde Ele subiu com Pedro, Tiago e João. São Lucas, o evangelista que enfatiza a oração de Nosso Senhor, descreve que Ele rezava durante a Transfiguração — detalhe só observado por Lucas. Com efeito, este evangelista encanta-se com a oração de Cristo, e nós também deveríamos nos maravilhar: Jesus, mesmo sendo Deus, reza para que nós possamos rezar n’Ele. Quando oramos, é Cristo quem reza em nós. Como ensina São Paulo na Carta aos Gálatas: “Não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20), e assim, quando clamamos “Abba, Pai”, é o próprio Espírito de Deus que ora em nós.
E essa é, a propósito, a verdade profunda sobre a chamada oração em línguas. A verdadeira oração em línguas não se limita a sons ou palavras; trata-se de receber uma linguagem que não temos para rezar. Às vezes, sentimos claramente que não somos nós que estamos rezando, mas algo maior que nos move. É Cristo que, em nosso interior, clama: “Abba, Pai”. O Espírito...