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A devoção à Sagrada Face de Cristo

Embora seja certo que nós, esquecidos do que fazemos, costumamos deixar detrás das costas as faltas cometidas, Deus, para quem todos os tempos são um só instante, tem-nas sempre diante dos olhos. Por isso, os pecados em que ainda hoje caímos foram e são a causa das dores suportadas por Cristo durante toda a sua Paixão.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 10, 28-31)

Naquele tempo, começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.

Hoje, terça-feira que precede o início da Quaresma, a Igreja tem o costume de praticar com fervor particular a devoção à sagrada face do Redentor, em reparação dos tantos pecados cometidos ao longo do Carnaval, pecados com que é ofendida a majestade de Deus e desprezado, com imundícies e blasfêmias, o seu santíssimo amor pelo homens. Embora seja certo que nós, esquecidos do que fazemos, costumamos deixar detrás das costas as faltas cometidas, Deus, para quem todos os tempos são um só instante permanente, tem-nas sempre diantes dos olhos, e por isso não há dúvida de que os pecados em que ainda hoje caímos foram e são a causa das dores suportadas por Cristo durante a sua Paixão. Novamente crucificamos o Filho de Deus e outras tantas vezes o escarnecemos em público (cf. Hb 6, 6), não porque o Senhor reinante no céu possa ainda uma vez padecer as nossas injúrias, mas porque está também nos nossos pecados atuais, e não apenas nos dos homens de seu tempo, o motivo por que Ele se entregou à morte e, naquela terrível noite no Getsêmani, experimentou a tristeza mais profunda e o tédio mais amargo que homem algum jamais sentiu. Mas se a sua Alma santíssima pôde sofrer e carregar os pecados que havíamos de cometer, pôde também consolar-se com a expiação que lhe havíamos de oferecer; e se os nossos pecados futuros puderam, já naquele tempo, desfigurar-lhe o rosto, com tabefes e cusparadas, as consolações que Ele de nós receberia após nos merecer a graça foram-lhe, junto com a do anjo (cf. Lc 22, 43), motivo de enorme contentamento. Preparemo-nos pois com uma boa confissão para esta Quaresma que amanhã tem início; disponhamo-nos com todas as forças para enxugar a face ensanguentada de Nosso Senhor, reparando com jejuns, esmolas e orações as ofensas que tantas vezes lhe lançamos em rosto. Ponhamo-nos, enfim, sob os cuidados de Maria SS. e peçamos-lhe a graça de que os pecados de Carnaval encontrem no Coração de seu Filho a devida purificação e os que, dia após dia, continuamos a ofendê-lo de muitas maneiras possamos finalmente converter-nos de todo coração, para nunca mais tornarmos a cair em falta grave.

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