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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,11-18)

Naquele tempo, Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”.
Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabuni” (que quer dizer: Mestre). Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito.

Estamos na Oitava de Páscoa. O dia santíssimo da Páscoa do Senhor é prolongado por oito dias como se fosse um único. Celebrar a Ressurreição de Jesus é celebrar a verdadeira novidade.

O Papa Bento XVI, em livro a respeito de Jesus, nos recorda que, quando dizemos crer na Ressurreição de Jesus, estamos crendo num advento que não é comum na história, mas que aconteceu de fato na história.

Deixe-me explicá-lo. Alguns “teólogos”, ao analisar a ressurreição de Jesus, dizem que ela é uma realidade “meta-histórica”, ou seja, além da história. Para eles, não podemos ficar presos a evidências históricas como, por exemplo, o sepulcro vazio. Esses “teólogos” — como, por exemplo, o Pe. Queiruga — chegam a dizer que, se encontrassem o cadáver de Jesus, continuariam a crer na Ressurreição, por ser uma realidade que aconteceu “fora da história”.

Ora, Bento XVI diz que, se Jesus não ressuscitou de fato, isto é, se não houve um sepulcro vazio de fato, então não houve Boa-Nova, não houve Evangelho, ou seja, nada aconteceu de real e radicalmente novo; as coisas continuam como antes…

Mas nós, cristãos, cremos na Ressurreição. Cremos que o sepulcro vazio é uma realidade histórica e, é claro, que Nosso Senhor, ao ressuscitar de fato, introduz a nossa existência humana na vida eterna.

É claro, devemos também admitir que, num certo sentido, trata-se de uma realidade “meta-histórica”, para além da história; mas devemos ter muito cuidado ao afirmar que a Ressurreição de Cristo, para ser compreendida, deve ser pensada “fora da história humana”, na eternidade.

Temos de ter muito cuidado para não esvaziar o significado do Credo cristão. Quando cremos que Jesus ressuscitou, cremos de verdade. Não é historinha nem faz-de-conta, não é metáfora nem só um símbolo. Nós cremos em Cristo Ressuscitado, e as aparições de Jesus servem para deixar isso bem claro. 

Jesus, quando aparece, mostra suas chagas, mostra que aquele corpo que ali está é o mesmo corpo do Crucificado. Ele faz questão de dizer a Tomé, como ouviremos no próximo domingo: “Põe tuas mãos aqui nas minhas chagas”. Ele faz questão de pedir alimento aos discípulos, a fim de comer com eles.

Sim, é verdade: Jesus, ao ressuscitar, introduziu a humanidade no eterno de Deus; mas isso aconteceu porque Ele, que se encarnou historicamente e existiu historicamente, deixou um sepulcro vazio e, realmente, a novidade aconteceu.

No Evangelho de hoje, quando Jesus diz a Maria Madalena: “Não me detenhas”, ou seja, “não me toques, não me segures, porque ainda não subi para o meu Pai”, Jesus não está dizendo a Maria Madalena que Ele era um fantasma etéreo sem consistência física. Nada disso. Ele está dizendo o seguinte: “Sim, eu, ressuscitado, estou entre vós, mas estou entre vós para vos levar para a meta-história”, ou seja, para a eternidade, para uma vida que não conhece ocaso.

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