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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 1, 29-39)

Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.

À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.

De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.

O Verbo fez-se em tudo, exceto no pecado, semelhante a nós. — V. 14. “Visto que os filhos”, do quais falou o autor sagrado no v. 13, entregues a Cristo por Deus, “têm em comum a carne e o sangue”, isto é, uma verdadeira natureza humana, “também Jesus participou da mesma condição” de um modo semelhante (gr. παραπλησίως), ou seja, assumiu a mesma natureza humana, designada aqui pelos dois elementos que a constituem, segundo o modo de dizer dos judeus. Portanto, em Cristo Deus se fez homem para fazer-se semelhante aos homens, tornando-os irmãos seus (cf. v. 11-13), e para, além disso, “destruir (gr. καταργήσῃ = tornar ineficaz, submeter), com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte” pelo pecado, em virtude do qual a morte entrara no mundo (cf. Sb 2, 24; Rm 5, 12; Ap 12, 9). — V. 15. Mas, além da destruição objetiva do império de Satanás, o autor sagrado atribui um segundo fim à Encarnação e à Paixão do Verbo, a saber: “Libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão”, isto é, os que estavam submetidos ao temor da morte como a uma escravidão durante toda a vida, porque a morte, para o homem justificado em Cristo, já não é mais causa de temor (pela condenação que se lhe segue), mas motivo de esperança (pela glória a que doravante dá acesso, graças aos méritos de Cristo).

V. 16. “Pois, afinal, não veio ocupar-se com os anjos [...]” (gr. ὐ γὰρ δήπου ἀγγέλων ἐπιλαμβάνεται): a) o verbo grego ἐπιλαμβάνεται significa favorecer ou socorrer alguém, e nesse sentido muitos assim interpretam a frase: a obra da Redenção foi realizada não pela salvação dos anjos, mas dos homens; b) outros, porém, como S. João Crisóstomo, Teofrasto e Ecumênio, interpretam-na no sentido de que o Verbo assumiu uma natureza humana, e não angélica, interpretação essa que parece menos provável do que a primeira. — “[...] mas com a descendência de Abraão”, não porque a Encarnação se destinasse única e exclusivamente ao povo de Israel, com exclusão dos gentios, mas porque os destinatários principais da Epístola são os hebreus.

V. 17. Ora, uma vez que o Verbo de Deus veio ocupar-se da descendência de Abraão, a) redimida por sua morte ou b) assumida na unidade de sua Pessoa, de acordo com as duas possíveis interpretações expostas acima, “devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos”, em conformidade com a natureza e as consequências da condição humana, com exceção das que fossem contrárias à obra da Redenção como, v.gr., o pecado, a ignorância, a concupiscência etc., “para se tornar um sumo sacerdote misericordioso” (cf. Hb 4, 15) e “digno de confiança nas coisas referentes a Deus” (gr. τὰ πρὸς τὸν θεὸν), ou seja, “a fim de expiar os pecados do povo”. — V. 18. “Pois, tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado” (gr. ἐν ᾧ γὰρ πέπονθεν αὐτὸς πειρασθείς), quer dizer, tendo o próprio Verbo encarnado, segundo a sua condição mortal, experimentado na carne as dores e dificuldades da vida humana, Ele é, por isso mesmo, “capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (cf., v.gr., Virgílio, En. I, 634: Non ignara mali, miseris succurrere disco).

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