Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 4, 31-37)
Naquele tempo, Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”
Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”. E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.
Temos em S. Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, a prova cabal de que um cristão dedicado à contemplação e à vida interior tende, quase por necessidade, a ser também um bom pastor, prudente e zeloso na condução espiritual de outras almas, mas não vice-versa. Noutras palavras, quem não reza nem se preocupa em conhecer e amar a Deus na oração jamais será verdadeiro apóstolo nem bom diretor espiritual, porque os seus afãs pastorais não serão mais do que simples agitação externa, desprovida daquela riqueza interior de graças e virtudes sem a qual acabamos vivendo um cristianismo de fachada. É, pois, no encontro diário com Deus, no silêncio da oração íntima, que Ele nos quer transformar, moldar à imagem de Cristo, Pastor eterno, e conferir ao nosso apostolado a eficácia que, sem esse recolhimento constante, teria pouco ou nenhum valor, como as fainas ansiosas de uma Marta ainda inquieta e agitada (cf. Lc 10, 41), por não saber ainda valorizar o único necessário, que é estar aos pés de Cristo, saboreando-lhe as palavras e a doutrina, para só então ser por Ele enviado em missão. Não há dúvida, portanto, de que foram os seus primeiros anos como monge que prepararam S. Gregório para o gravíssimo encargo, por ele desempenhado perfeitamente, de suceder a Pedro no governo da Igreja Católica, confirmar os irmãos na fé, reformar os costumes de uma cristandade nem sempre exemplar e circundar de todos os cuidados a divina Liturgia. Gregório foi grande, com efeito, por ter sido não só um Papa memorável, mas um cristão digno do nome, exemplo de oração, mestre de vida espiritual, prova de que a contemplação precede a ação e de que a piedade deve ir de mãos dadas com a ortodoxia e esta, por seu turno, com os mais ternos sentimentos para com Nosso Senhor. — Que, a exemplo deste santo pontífice, saibamos também nós ser primeiro santos contempladores, para só então sermos santos pregadores.
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